quarta-feira, 14 de maio de 2014

Rio voa? Voa, sim senhor

por Ricardo Goldbach

Desde sempre (mas daqui a pouco não mais) a umidade do ar amazônico é carregada pelo vento para outros cantos do Brasil. Resultante da evaporação das águas do rio Amazonas e do ar úmido da floresta, essa massa de ar, equivalente à própria vazão do rio Amazonas e conhecida como "rio voador", é transportada para o sul, pelos ventos, e acaba favorecendo a ocorrência de chuvas nas regiões que atravessa. Com o antológico e criminoso desmatamento da Amazônia, no entanto, o rio voador tende a não decolar mais, parando de irrigar nossos céus.

Fica claro, então, que o quadro de desabastecimento de água e energia que agora se vê em São Paulo nada tem a ver com categorias ideológicas tais como "picolé de chuchu" e "quatro dedos", como as massas alugadas teimam em bradar nos feicebuques da vida. O esvaziamento das represas paulistas não tem solução à vista nem a prazo -- Cantareira vai continuar a ser motivo de choradeira, enquanto criminosos engravatados continuam a patrocinar a transformação de madeira amazônica em dólares cuja origem a Polícia Federal tenta rastrear, no Maranhão e arredores, mas é impedida de descobrir.


Como diz a doutora sem doutorado que preside o Brasil, "a pasta de dente saiu do dentifrício". A festa acabou, agora é tarde demais para reverter o quadro. Qualquer quadro, melhor dizendo.

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