sábado, 31 de outubro de 2009

Contando o caso como o caso foi


Do lúcido e certeiro Augusto Nunes:

Sarney precisa saber que o abandono do local do crime não inocenta o criminoso
27 de outubro de 2009



"O Brasil precisa reaprender a contar o caso como o caso foi, usar a palavra justa no lugar do eufemismo malandro e enxergar as coisas como as coisas são. Por exemplo: onde parece haver a Fundação José Sarney existe a fachada de uma organização envolvida em incontáveis bandalheiras. E o que é apresentado como ”impossibilidade de funcionamento” tem cara de queima de arquivo.

Segundo o presidente vitalício, ”os doadores suspenderam suas contribuições pela exposição com que a instituição passou a ser tratada por uma parte da mídia”. Conversa de 171. Os parceiros fugiram antes que o camburão estacione no outro lado da rua. O barulho da sirene começou em junho, quando a Justiça atendeu ao pedido do Ministério Público Federal e determinou a devolução ao governo maranhense do Convento das Mercês".


Leia o restante aqui.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Schwarzenegger is back, em três atos

Ricardo Goldbach

Chill down, Arnold...


Ato 1:

O deputado da Califórnia Tom Ammiano não gostou do fato de Arnold Schwarzenegger ter ido a um jantar do Partido Democrata, em São Francisco, no dia 7 de outubro. Ammiano estava magoado com o governador da Califórnia, que havia promovido cortes em verbas destinadas a causas sociais e não tinha se manifestado a contento em relação a temas de interesse de homossexuais.

Foi o Republicano Schwarzenegger aparecer no jantar do partido para ser recebido por Ammiano aos gritos de "you are a liar" e "kiss my gay ass". Para Ammiano, o governador fazia teatro político com sua presença.


Ato 2:

A Assembléia Legislativa da Califórnia submete ao governador Schwarzenegger o projeto de lei AB1176, de autoria de Ammiano, que dá auxílio ao Porto de São Francisco para enfrentar dificuldades financeiras.


Ato 3:

Alguns dias depois, Schwarzenegger veta o projeto de lei, argumentando que os deputados deveriam se preocupar com temas mais importantes, como reforma dos sistemas penitenciário, de saúde e outros:





Mas, segundo o jornal San Francisco Chronicle, olhando-se a mensagem com mais atenção, é possível ler a verdadeira resposta do governador ao deputado:

To the Members of the California State Assembly:

I am returning Assembly Bill AB1176 without my signature.

For some time now I have lamented the fact that major issues are overlooked while many
unnecessary bills come to me for consideration. Water reform, prison reform, and health
care are major issues my Administration has brought to the table, but the Legislature just
kicks the can down the alley.

Yet another legislative year has come and gone without the major reforms Californians
overhelmingly deserve. In light of this, and after careful consideration, I believe it is
unnecessary to sign this measure at this time.

Sincerely,


Arnold Schwarzenegger

Coincidência? A assessoria do governador diz que sim. Você decide.


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Quem é essa gente?

ou "quem cheira uma carreira, financia uma bala inteira"


Ricardo Goldbach

"Vamos fazer o que for necessário para limpar a sujeira que essa gente deixa no Brasil inteiro".
Com essa frase Lula pontuou o encontro que teve ontem, em São Paulo, com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe.



Foto: Globo Online / Marcelo Franco

Aparentemente, ele se referia aos tiroteios entre traficantes, que infernizaram o Rio de Janeiro no fim de semana do dia 17 de outubro, e que tiraram a vida de policiais, criminosos e civis inocentes. Mas quem seria “essa gente”? Olhando de perto, muita gente pode estar sujando o Brasil inteiro:

Os plantadores de coca, dos países companheiros, Colômbia, Bolívia e Venezuela, seriam uma possibilidade.

Ou seriam as FARC, cujo fluxo de caixa depende da exportação de cocaína? Ou novamente as FARC, que trocam o dinheiro da droga por armas, para perpetuar o estado paralelo que criaram?

Ou novamente os produtores de cocaína que, para ajudar seus companheiros dos morros cariocas, exportam para cá fuzis e metralhadoras? Não interessa aos industriais do pó que seus negócios no Brasil e no Rio sejam ameaçados por policiais, isto é claro como água. Vem daí a necessidade de armar a bandidagem, para garantir o fluxo contínuo e tranquilo de drogas e divisas.

Ou Lula se referia aos que costuram, à sombra do Fórum de São Paulo, as alianças entre o petismo brasileiro e o revolucionismo latinoamericano, de matiz e inspiração castro-chavistas, e que desaguam nos projetos de poder do narcotráfico armado que assola a América Latina, como um todo?

Seriam por acaso os dois policiais militares, que durante os conflitos no Morro dos Macacos, se aproveitaram para furtar a arma de um terceiro policial?

Pode ser também que Lula se refira a um preso federal, que de dentro de sua cela no Paraná, dá ordens para invasões de morros.

Seriam os políticos e administradores que dizem, há décadas, que “não se muda nada de um dia para o outro”? Um deles disse isso ontem mesmo, no dia 20/10. Estes poderiam ser muito bem “essa gente” à qual o presidente se refere.

Por último, mas não menos importante, a referência pode ser ao último elo da cadeia criminosa, o consumidor da cocaína que é movida de lá para cá, a custa de muito tiro e muito sangue.

Mas se Lula, em sua tirada enxuta e tosca, estava se referindo a todos os acima, tem a total concordância e apoio deste que, ao longo de quase vinte anos, depositou seus votos e suas esperanças no sonho do PT. Um sonho que virou um pesadelo quando realizado.


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Para amenizar



Uma flor é uma flor, é uma flor.

Queimaram o Rio de Janeiro

Ricardo Goldbach

Rio 2009 - Bandidos queimam helicóptero da polícia, manifestantes queimam ônibus, a prefeitura de Eduardo Paes queima dinheiro dos contribuintes e energia elétrica, além de colaborar para aquecer o meio ambiente.

São várias faces de uma mesma falência, visíveis neste aglomerado urbano mais desordenado a cada novo amanhecer.

Não há muita diferença entre o banditismo dos traficantes e o dos dirigentes da Rioluz, quando se considera o respeito (ou falta de) aos patrimônios alheios e coletivos. À luz da Constituição Federal (art. 125 e outros), os postes acesos constituem um crime praticado pelo poder público, mais grave ainda porque cometido com recursos de contribuintes. Ok, dos postes não saem balas perdidas - mas isso não é motivo para tolerância 10 ou 30. Tem que ser zero, mesmo, para que cesse de vez o cotidiano estupro da cidadania.

Rio, teu filme está definitivamente queimado.


18/10/2009 - Desperdício nas ruas do Rio, contribuição para o aquecimento global.

domingo, 18 de outubro de 2009

Temos mesmo muito tempo?

Ricardo Goldbach

Declaração otimista do relações públicas da Polícia Militar, major Oderlei Santos: "Nós temos muito tempo para a Copa do Mundo, para as Olimpíadas e até lá certamente a polícia prenderá muitos criminosos".

Ave, Major Santos; nós, os cidadãos que vamos morrer neste meio tempo, o saudamos.


O Rio exibe a tocha olímpica. Foto: Fabiano Rocha

O grande problema aqui é que o mundo está vendo - não vai dar para enganar a todos o tempo todo.


ATUALIZAÇÃO:

O Major Oderlei foi exonerado pelo governador Sergio Cabral, em 23/10, no bojo do escândalo que envolveu o assassinato do Coordenador de Projetos Especiais do AfroReggae, Evandro João Silva.

Aquilo que ficou evidenciado, aos olhos das câmeras de segurança e do bom senso, como omissão de socorro e furto (e talvez cumplicidade em latrocínio) por parte de dois policiais militares - um deles capitão - foi classificado pelo porta-voz da corporação como mero "desvio de conduta".

A legislação brasileira garante que todos sejam considerado inocentes, até prova em contrário. Mas o erro do Major Oderlei foi ter feito péssimo e inoportuno uso da doutrina do "in dubio pro reu".

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Relembrando Lombroso

Ricardo Goldbach



Foto: autoria desconhecida

Mais sobre Lombroso e sua teoria sobre o Homem Delinquente, em texto do promotor de Justiça em Minas Gerais, Lélio Braga Calhau.

Virou moda: pagar para ver propaganda

Ricardo Goldbach

No ano de 2000, Mel Gibson estrelou um filme, What women want ("O Homem que Entendia as Mulheres", no Brasil), que era um belo comercial da Nike, com duração de 1h37. Pagou-se à época para ver a propaganda no cinema, paga-se hoje para revê-la em canais de TV a cabo. É claro que o comercial vem embrulhado em papel bonito: par romântico, climax e anticlimax, as receitas que sempre apelam ao pathos (do grego, paixão, excesso, catástrofe, passagem, passividade, sofrimento e assujeitamento) do espectador - daí vem a expressão "patético".

Nestes tempos bicudos, em que a publicidade deve se esforçar mais do que nunca para enfrentar retrações de mercado e desconfiança de consumidores, Holywood faz mais um gol. Segundo a PC World, o desenho animado Family guy ("Uma Família da Pesada") dedicará um episódio inteiro à promoção do Windows 7, no dia 8 de novembro.

Quando se para e pensa, o que parece ser trivial não acaba mostrando a verdadeira e patética face?


sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Souza Cruz, Carlton e Dunhill - uma estratégia e uma fraude

Ricardo Goldbach

Eu ia escrever um post sobre a estratégia da Souza Cruz, ao reposicionar a marca Carlton como Dunhill. Deste reposicionamento faz parte retirar sete cigarros de cada maço de Carlton, substituindo-os por unidades de Dunhill. No entanto, encontrei excelente texto a respeito, no blog do escritor Paulo Ribeiro e meu post vai ser mais enxuto (e menos literário e saboroso que o de Paulo).

Se fosse a mera substituição de seis por meia dúzia, sem problemas - ou quase, já que cigarro é sempre um veneno. Mas o fato é que a Souza Cruz troca o produto original por outro, com menores teores de nicotina e sabor diferente, e quem fuma constata logo a substituição.

Ser fumante, como sou, já é demonstração de burrice. Sobre esta nova prática, que frauda o consumidor em 35% no mero ato da compra, não há quase nada a falar - a não ser denunciá-la ao Cade, coisa que já fiz.


Atualização - 29/10/2009

Um leitor (acessando via Telesp, IP 187.56.8.213) lembrou-me que neste post faltou eu mostrar evidências. Apesar de a mensagem dele ser um pouco agressiva, tosca e com mais erros de português do que se esperaria de um ser pensante, reconheço que, ao contrário do usual, não postei aqui imagens para corroborar meu texto.

Seguem, portanto, fotos da estratégia de reposicionamento que mencionei.








A parte menor do maço (à esquerda, na foto imediatamente acima) contém sete cigarros reposicionados, com sabor inteiramente diferente dos outros 13. Esta prática seria facilmente detectada através de um blind test, ou por quem fuma a mesma marca há mais de dez anos e reconhece a diferença.

Em tempo: aproveitei que a Souza Cruz retirou do mercado meu cigarro favorito e resolvi abandonar de vez o fumo, faz cerca de uma semana. Na boa, melhoraram meu fôlego, meu paladar, meu sono e minha disposição em geral.

Torço sinceramente para que o escritor Paulo Ribeiro também aproveite a deixa.

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Atualização - 01/01/2010 Confirmando o que já era certo, constato que um dos acessos a este post veio do Google, às 20h50 desta data, com uma auto-explicativa expressão de busca:

"www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=carlton ficou mais fraco&meta="


domingo, 4 de outubro de 2009

Orkut x Facebook: um case de baile funk corporativo

Ricardo Goldbach


No dia 30 de setembro publiquei, em meu perfil no Orkut, uma observação sobre como a disputa por fatia de mercado, que Facebook e Orkut travam atualmente, ignora completamente os interesses de usuários. Naquela data escrevi:


Orkut, uma vergonha
(30/09/09)

Facebook e Orkut estão em plena atividade pela disputa de mercado. Como jogada mais recente, o Facebook introduziu em sua página uma funcionalidade que permite que o usuário importe seus contatos, previamente exportados do Orkut, e os convide para o Facebook.

Como o Orkut respondeu? Esta rede - que se caracteriza pelo mau atendimento do suporte, pela inserção excessiva de anúncios e pela inconstância e instabilidade das aplicações que implementa - aparentemente optou por desfigurar a funcionalidade de exportação de contatos, de modo a sabotar a manobra do Facebook.

A exportação simplesmente não funciona mais; ela gera agora um texto contendo código HTML (sem qualquer dado sobre contatos), em arquivo de extensão CSV (!). Isso pode até ter sido causado por mais um dos erros de desenvolvimento e manutenção da equipe. Mas desconfio muito da coincidência, que atinge resultado tático palpável.

Não é por acaso que o Orkut só deu certo no Brasil, e, possivelmente, nem isso poderá ser dito a respeito dele, em pouco tempo.


Dois dias depois, em 02/10, a publicação PC World confirma minha impressão, comprovando que "um teste realizado pelo IDG Now! mostrou que, ao tentar fazer a exportação, após digitar o código de segurança (captcha), o Orkut redireciona à sua página inicial, sem qualquer outro aviso".

A matéria da PC cita o conceituado TechCrunch, que, por sua vez, diz que "antes da ferramenta do Facebook, a própria ferramenta do Orkut para exportação de contatos em CSV, algo simples e rápido de se fazer, não está mais funcionando, o que dá margem à suspeita de que talvez o Google tenha suspendido a ferramenta".

É isso. Por conta de uma briga por audiência, usuários do Orkut agora estão impedidos de exportar suas listas de contatos. É sabido que em muitas ocasiões as grandes corporações fazem suas táticas assumirem ares de baile funk, mas a constatação é sempre desalentadora.



sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Fraude bancária de última geração

Ricardo Goldbach

Esta é mesmo impressionante. Segundo a revista Wired, saqueadores digitais não se contentam mais em apenas roubar senhas e usá-las para fraudes bancárias, via Internet.

Uma gangue desviou 3oo mil euros de bancos alemães no mês de agosto, de acordo com a empresa de segurança Finjan. Nada de espantoso, isso é coisa que acontece todos os dias.

Neste caso, no entanto, um sofisticado mecanismo inserido no navegador dos correntistas saqueados faz uma maquiagem no relatório de saldo da conta; no momento de uma consulta, ele esconde o saque fraudulento e exibe o saldo esperado pela vítima ao invés do valor real.

A saída é a mesma de sempre: evitar ao máximo a tentação de executar programas recebidos por e-mail, mesmo que venham de remetentes conhecidos. As apresentações em Power Point e as planilhas Excel, igualmente, podem esconder softwares do mal em suas macros. Abrir qualquer arquivo recebido, hoje em dia, equivale a andar sozinho à beira do cais de um porto, às 2 horas da manhã. Você se arriscaria?

Nota de repúdio

Ricardo Goldbach

"Prêmio é para premiar e não para chantagear"
(Carlos Carvalho, citado por Patricia Gouvêa)


Repoduzo aqui correspondência aberta, endereçada pela fotógrafa e sócia do Ateliê da Imagem, Patricia Gouvêa, à organização do Prêmio FOTOARTE 2009.

Após ter recebido Menção Honrosa por ensaio submetido, Patrícia foi surpreendida pela exigência de aceitação, a posteriori, de "2 cláusulas que não constavam do regulamento".

A AFOTO Brasília - Associação de Fotógrafos de Brasília - manifestou-se favoravelmente à posição da fotógrafa, depois de consultar um especialista, no sentido de repudiar tal repactuação de regras.

Patricia solicitou a devolução dos trabalhos originais e proibiu taxativamente que os organizadores fizessem qualquer utilização de suas obras.

É de se observar que até o corpo de jurados manifestou-se solidário à premiada, no sentido de que se respeite o regulamento, mas a organizadora, Karla Osório, aparentemente mostra-se inflexível em sua posição solitária e contrária ao pleito.

Em tempos de apropriação desenfreada e indébita de ideias e patrimônios alheios, presto aqui minha solidariedade à colega.


ATUALIZAÇÃO:

Em 5/10, por volta das 22h30, Patricia Gouvêa informa, via Facebook:




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"À produção da FOTOARTE, Prêmio FOTOARTE 2009 e aos jurados,

Venho por meio desta informar que estou abdicando da Menção Honrosa recebida e que todos os materiais por mim enviados (CD com imagens am alta, biografia etc) devem ser inutilizados ou devolvidos e minhas imagens retiradas de qualquer suporte de divulgação.

Foram inúmeras as minhas tentativas, desde a última segunda-feira e as do júri para que a Sra. Karla Osório concordasse em redigir o termo de cessão de direitos de imagem, onde foram incluídas 2 cláusulas que não constavam do regulamento, cujo teor fere os direitos autorais dos fotógrafos, constituindo, portanto, ato irregular e que apenas beneficia as empresas controladas direta ou indiretamente pela ARTE 21:

4. A CESSIONÁRIA fica expressamente autorizada pelo CEDENTE a executar livremente a montagem das fotografias objeto deste contrato, podendo proceder aos cortes, às fixações e às reproduções necessárias.

6. A CESSIONÁRIA poderá ceder os direitos sobre a(s) fotografia(s) e/ou a conceder autorização de utilização a quaisquer empresas sob seu controle direto ou indireto, bem como a entidade sem fins lucrativos, especificamente à WWF Brasil, sem obrigação de efetuar qualquer pagamento ao CEDENTE.

A primeira é preocupante pois autoriza cortes na imagem, mas a segunda é ainda mais grave: por meio dela as imagens poderão ser usadas por outras empresas sob controle da ARTE 21 e outras ONGs!!!!

Todo o júri (Éder Chiodetto, presidente, Rogério Assis, Suzana Dobal, Marcelo Reis, Milton Guran e Tiago Santana) me apoiou e está pedindo que a Karla refaça os contratos e anule os antigos a partir da minha contestação, mas parece que ela, infelizmente, está optando por ignorar até mesmo o juri e passou a dizer que eu sou a única reclamante sobre o assunto, o que deixou a todos ainda mais perplexos.

Estamos num momento de mudança de paradigmas e as pessoas não podem ser irresponsáveis e precisam pensar de forma coletiva. Decidi então abdicar do prêmio, pois acredito que todos os fotógrafos tem que ter seu contrato revisto e os antigos rasurados, pois este é um problema grave que diz respeito a todos. Anteriormente a AFOTO, associação dos fotógrafos de brasília, já havia feito uma denúncia contra o prêmio, com comentários de um advogado especialista em direitos autorais: http://afotobrasilia.wordpress.com/2009/08/26/2º-premio-foto-arte-brasilia/

Este pedido foi ignorado, assim como agora um pedido coletivo e que envolve o juri do prêmio está sendo ignorado. A Sra. Karla Osório prefere manter uma atitude inflexível e colocar a questão como se fosse um ato isolado de contestação de minha parte, o que demonstrar sua falta de boa vontade com a questão, e que coloca em dúvida suas reais intenções com este prêmio. Muitas tem sido as manifestações em todo o Brasil contra esta atitude. Neste email estão copiados alguns premiados, para que tomem conhecimento da minha decisão: Macia Folleto, A.C. Júnior, Dalton Valério e Charly Techio.

A resposta ontem do presidente do júri, Eder Chiodetto, após mais um email evasivo da Carla foi contundente e simboliza a opinião do júri:

"Olá Karla,

Já foram muitos emails trocados, a posição de todo o corpo do jurado já está absolutamente clara. E nós seguimos estarrecidos com a sua posição inflexível. Nada justifica esse seu comportamento. Se todos estão apontando para uma direção porque você acha que é a única que pode ter razão? Também pedimos para advogados ler o regulamento e a cessão de direitos e o retorno é de que há um claro conflito entre ambos. Que a Cessão de Direitos pode sim prejudicar os fotógrafos que a assinarem da forma como já salientamos. Se não é isso que você quer, como você tem repetido "n" vezes nos emails, porque não alterar as duas cláusulas que desde o início estamos solicitando? Para você não mudaria nada, não é? Faça um comunicado oficial e público de que o Termo de Cessão enviado está anulado mesmo para quem já o enviou pelo correio e reenvie um outro. Mas, antes, submeta ao corpo de jurados, por favor. Porque eu não tenho autoridade para decidir sozinho qualquer coisa com você. É o nome e a reputação de todos do júri que está em jogo. Essa história já está extrapolando e ganhando uma repercussão sem controle.

Eder Chiodetto"


Para encerrar, gostaria de deixar uma frase do Carlos Carvalho, que serve para nossa reflexão: "Prêmio é para premiar e não para chantagear."

Atenciosamente,


--
Patricia Gouvêa"


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A bagunça começa na falta de preparo

Ricardo Goldbach

Um copy&paste começa a repercutir - e muito mal - na infoesfera. Maria Helena R.R. de Souza, que se qualifica como "colaboradora entusiasmada do Blog do Noblat", fez plágio integral de matéria originalmente publicada no blog Rio Acima, do JB, no dia 7/9/09, intitulada "A praia do carioca começa na Lapa" e assinada pelo editor do caderno Cidade do JB, o jornalista Marcelo Migliaccio.



Matéria original de Marcelo Migliaccio
fonte: blog Rio Acima, do JB

data de publicação: 07/09
acesso em 01/10/09


A obra de Maria Helena foi publicada com o mesmo título, o mesmo texto e as mesmas vírgulas, num blog do Globo Online, em 26/09:



Antes: "Enviado por Maria Helena / ENVIADO POR RIAL".
fonte: reprodução do portal Comunique-se

data de publicação: 26/09


Após alertada por Migliaccio, Maria Helena reeditou o post, incluindo crédito ao JB e ao blog de Migliaccio:



Depois: "Enviado por Maria Helena / DEU NO JB ONLINE - BLOG RIO ACIMA".
fonte: blog citado
acesso em 01/10/09


Quem primeiro pediu desculpas pela lambança não foi Maria Helena, mas o editor do O Globo, Paulo Mussoi. A desculpa dada por ele, segundo matéria de Sérgio Matsuura, publicada no portal de jornalismo Comunique-se, funda-se no fato de Maria Helena não ser jornalista e ter passado adiante, de boa fé, texto que recebeu por e-mail.

Esta alegação de Mussoi é uma das muitas que ainda veremos por aí, nestes tempos de jornalismo sem diploma e sem lei. Estamos vendo um infeliz caso de "aprendizado na prática". Mas Maria Helena mostra que não aprendeu tudo, no entanto; sem a devida autorização para o uso de várias fotografias e sem a atribuição dos devidos créditos, nesta data o material do fotógrafo ainda encontra-se disponibilizado no blog da aprendiz:



Depois: o desrespeito à Lei permanece - o trabalho fotográfico, não autorizado nem creditado, ainda é usado
fonte: blog citado

acesso em 01/10/09


Outra coisa chata nessa história é que nem no JB foram creditadas as fotos que ilustram a matéria de Migliaccio. Nestes tempos forenses é até possível descobrir que a foto de abertura foi feita às 0h44 do dia 8 de fevereiro de 2008, com uma câmera Sony DSC-W55, ISO-320, abertura de 2.8 e exposicão de 1/8s, mas o nome do autor ainda é uma incógnita.

O trabalho do fotógrafo, diga-se, está amparado por dispositivo legal - a Lei Federal nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que protege direitos de autor quanto ao uso "de obras fotográficas e produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia" (art. 7º, VII). Esta mesma lei é clara quando diz que "a fotografia, quando utilizada por terceiros, indicará de forma legível o nome do seu autor" (art. 79º, §1º).