segunda-feira, 30 de março de 2015

Estilhaços do avião da Germanwings atingem jornalismo brasileiro








Ricardo Goldbach

Assistindo à cobertura do acidente, testemunhei o de sempre durante as transmissões do dia 24/03, mais do mesmo: amadorismo, despreparo e desrespeito ao assinante. Fico aqui apenas com as pérolas do canal GloboNews, já que nesse campeonato de incompetências é impossível zapear para a Band TV, que se superou de vez ao convidar um piloto de monomotor para fazer comentários técnicos sobre o Airbus A320.

Sem mais delongas, segue a última safra de pérolas da GloboNews.

Um especialista convidado: "Pode ter sido um caso de anoréxia, por falta de oxigênio."
(Legítimo case de anóxia profissional.)

Um âncora: "[o piloto] não manteve a nivelização, aliás, nivelação."
(Faltaram "niveladura" e "nivelismo". Fica para a próxima.)

Uma jornalista: "(...) não alcançou a maneta na cabine."
(Manetas na cabine? São permitidos? Não será perigoso que um maneta pilote um avião? De qualquer modo, mesmo que a -- digamos -- profissional quisesse se referir a "manete" ou "manche", estaria redondamente desinformada, em ambos os casos.)

Um jornalista: "Após uma caída brusca, (...)".
("Caída brusca"? Ele se referia à qualidade dos cursos de jornalismo?)

Uma jornalista: "(...) não viram as vítimas visualmente."
(Há outro modo de ver?)

Um jornalista: "O avião estava na velocidade de cruzeiro, ou seja, na velocidade máxima."
(Chutando como chuta, o ex-estagiário estaria melhor em um campo de futebol; uma coisa é uma coisa, a outra coisa é outra coisa.)

Uma jornalista: "Qual a distância do gabinete de crise até o local do acidente?"
(Sejamos sinceros e realistas: que diferença faz?)

Uma jornalista: "(...) como acaba de dizer aquele senhor da Lufthansa."
("Aquele senhor" tem um cargo: ele é simplesmente o presidente da companhia.)

Além dos baixos graus de alfabetização e cultura geral dos profissionais ex-estagiários globais, a falta de apuração é vergonhosa, na pressa de veicular qualquer coisa que seja: o comandante ora tem 60 mil horas de voo, ora 6 mil; o copiloto ora tem 600 horas de voo, ora 3.600. No meio tempo, dá para saber que a aeronave tinha "dois comandantes". 

Paradoxal é que, entra ano sai ano, os veículos publicam religiosamente "pérolas do Enem" e "pérolas do vestibular", sem perceber que, com o baixíssimo nível educacional e cultural de suas próprias equipes de jornalismo, só fazem contribuir para a perpetuação daquelas pérolas, ao desensinar hoje os vestibulandos e ex-estagiários de amanhã.


terça-feira, 10 de março de 2015

Réquiem para a esquerda

Ricardo Goldbach

Por obra do PT -- essa ex-querda despreparada e desarticulada representada por Dilma Rousseff, a marionete da lumpen elite que ora sangra presente e futuro do Brasil:

. sai estadista, entra animador de auditório
. sai Constituição, entre prostituição
. sai Bakunin, entra bacanal
. sai Gramsci, entra grana
. sai Lênin, entra leniência


Para culminar, mesmo que a presidente perca seus direitos políticos, teríamos Michel Temer na Presidência da República, para desânimo de ex-petistas como eu.

Mas Dilma não sairia por um infantilóide "3º turno", como querem fazer parecer os militantes do MAV (ex-desocupados, agora assalariados pagos para operar teclados raivosos) e os marqueteiros que pilotam a mente de Dilma, mas por "maus feitos" (sic) tipificados na lei 8.492/1992, cujos sinais e indícios até os postes (os outros, os de rua) escutam e veem, por exemplo. 

Foi nisso que desaguaram as alianças pragmáticas que o ex-partido de trabalhadores fez para assaltar a nação; o partido tinha tanto ódio (categoria inexistente em Ciências Políticas) de qualquer seita que não tivesse Lula no altar-mor, que foi lá e fez a mesma coisa. Fez pior. E pode tentar fazer pior ainda.

Em tempo: não ganhei nem ganharei "deles" (o onipresente bicho-papão inventado pelos marqueteiros de Lula) um tostão sequer para ir à rua, de luto, neste próximo dia 15 de março. Vou em homenagem ao meu título de eleitor, tão espoliado e desrespeitado pelos esquemas Diebold e assemelhados.


sábado, 7 de março de 2015

Como é Isso, jovem?



Neste 7/3/15, a #TVBandNews associa "Sunday, Bloody Sunday", do U2 (sobre conflitos na Irlanda), aos conflitos raciais nos EUA, nos anos 1960.

No mesmo canal, o nome da agência Reuters é pronunciado "rêuters", em vez de "róiters"; tiros a esmo são pronunciados como "tiros a ésmo" e por aí vai.

É o jornalismo futebol, da geração inculta que aparelhou a mídia: chuta, chuta e chuta novamente, até que uma hora acerta -- mas nunca na hora certa.

Menos videogame, jovem.

quinta-feira, 5 de março de 2015

"1984" trivia

by Ricardo Goldbach


While translating and subtitling "1984" (Michael Radford version, filmed in 1984), as a personal project, I realized some explicit Easter eggs were embedded in the movie, linking production crew names to characters and ordnances.

The following quotes don't exist in Orwell's book. Coincidence or not:

Costume Designer Emma Porteous christens an ordnance, as in "12,300 Porteous piloted missiles". (some alliteration here: "Porteous piloted")

Art Department Assistant Amanda Grenville christens an ordnance, as in "3.1 million Grenville gas-operated light machine guns". (some alliteration here: "Grenville gas-operated")

Producer Simon Perry christens an ordnance, as in "9 million Perry pineapple pin grenades". (some alliteration here: "Perry pineapple pin")

Executive Producer Marvin J. Rosenblum christens an unperson, as in "Outer Party member 4392, Rosenblum, Miniprod, Light Industry Section".

Associate Producer John Davis christens an unperson, as in "Outer Party member 66755, Davis, Miniprod, Women's Section".

Art Director Grant Hicks christens an unperson, as in "Outer Party member 53922, Hicks, Minirec, Proletarian Affairs Section".

Assistant Editor Nicolette Bolgar christens an unperson, as in "Outer Party member 947743, Bolgar, Minitrue, Records Section".

Wardrobe Supervisor John Brady christens an unperson, as in "Outer Party member 5739, Brady, Minitrue, Records Section".

Co-producer Robert Devereux christens an unperson, as in "Outer Party member 984213, Devereux, Minitrue, Records Section".

Production Buyer Peter Rutherford christens the character played by actor Peter Frye.

While "Davis", "Brady" and "Rosenblum" may be regarded as usual names, "Porteous", "Bolgar" and "Grenville" seem as equating to my hypothesis of intentional use, on the other hand.