quarta-feira, 16 de março de 2016

A renúncia de Dilma e a transferência de poder para Lula me lembram que...

Ricardo Goldbach


... assim como ditaduras dispensam o apoio popular, a união da propaganda oficial disfarçada com o afago escancarado da iniciativa privada também dispensa a captação via Lei Rouanet.

Mostrem-me outra iniciativa cultural que conte com o apoio desta quadrilha, e eu mastigo um rolo inteiro de celulóide em praça pública:












quinta-feira, 10 de março de 2016

"A Globo não é farmácia, mas é especialista em manipulação"

Ricardo Goldbach

ou "o capitalismo é a exploração do homem pelo homem; já a ex-querda petista propõe o contrário"



A publicação da deputada Jandira "Lula Está Calmo" Feghali no Facebook mostra o que ela pensa. Direito dela. No instante em que fiz captura da tela, cerca de 8.900 pessoas já tinham curtido a postagem, sem perceber que o tal adesivo lacrava o porta-malas do carro. Ou perceberam, mas eram petistas também: vai que vai, essa briga de torcidas virou mesmo um grande vale tudo.

No entanto, o estagiário de Photoshop -- com a incompetência natural dos estagiários e a abissal incompetência média da ex-querda petista -- fez a deputada igualar-se à Globo, o que de imediato me remete a Estocolmo ou a Eletra mal resolvido, essas coisas.

Que ninguém nos ouça, Jandira, mas se essa é a demonstração do seu caráter, está confirmado o diagnóstico segundo o qual "a esquerda brasileira causou mais mal ao comunismo do que todos os anos de ditadura militar somados".

Ah, e prevendo o de sempre, já me antecipo:

- não tenho relação alguma com as Organizações Globo, nem pretendo ter;

- minha relação mais próxima com o governo -- com qualquer governo -- foi na condição de analista de sistemas da UFRJ, como funcionário celetista, nos anos 1970/80;

- por último, fui petista durante anos -- desde antes de o PT existir de fato, a bem da verdade --, mas não me envergonhei de abandonar minhas esperanças quando Lula começou a mostrar sua verdadeira face, lá pelo ano de 2003; vergonha na cara é bom e eu gosto, viu, Jandira?

domingo, 6 de março de 2016

11 containers e um segredo

Ricardo Goldbach

















A OAS (que na época da ditadura militar recebeu o merecido apelido de "Obras do Amigo Sogro") cuidou do transporte e armazenamento dos contêineres repletos de presentes recebidos por Luis Inácio Lula da Silva quando ocupava um cargo de servidor público, o de presidente da República.

Nos dois mandatos consecutivos, Lula acumulou toda sorte de mimos, de relógios a trono(!). No entanto, não precisava – nem devia – afundar-se mais no lamaçal em que se meteu, ao receber mais um favor da mal-afamada e bem-remunerada empreiteira.

O fato é que a legislação brasileira já cuidou desse problema. A resolução nº 03, de 23 de novembro de 2000, emitida pela Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República definiu as regras para o tratamento de presentes e brindes, aplicáveis às autoridades públicas abrangidas pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal.

"A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e considerando que:

a) de acordo com o art. 9º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, é vedada a aceitação de presentes por autoridades públicas a ele submetidas;

b) a aplicação da mencionada norma e de suas exceções requer orientação de caráter prático às referidas autoridades,

Resolve adotar a presente Resolução de caráter interpretativo:

(...)

2. É permitida a aceitação de presentes:

(...)

II – quando ofertados por autoridades estrangeiras, nos casos protocolares em que houver reciprocidade ou em razão do exercício de funções diplomáticas.

3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata de presente cuja aceitação é vedada, a autoridade deverá adotar uma das seguintes providências, em razão da natureza do bem:

I – tratando-se de bem de valor histórico, cultural ou artístico, destiná-lo ao acervo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN para que este lhe dê o destino legal adequado;

II – promover a sua doação a entidade de caráter assistencial ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública, desde que, tratando-se de bem não perecível, esta se comprometa a aplicar o bem ou o produto da sua alienação em suas atividades fim; ou

III - determinar a incorporação ao patrimônio da entidade ou do órgão público onde exerce a função.

(...)

6. Se o valor do brinde ultrapassar a R$ 100,00 (cem reais), será ele tratado como presente, aplicando-se-lhe a norma prevista no item 3 acima.

7. Havendo dúvida se o brinde tem valor comercial de até R$ 100,00 (cem reais), a autoridade determinará sua avaliação junto ao comércio, podendo ainda, se julgar conveniente, dar-lhe desde logo o tratamento de presente."


Portanto, Lula, restam a você duas possíveis atitudes: ou você devolve à União o que não é seu, ou faz lobby para tirar da cadeia todos os ladrões do Brasil. Dilma Rousseff é menos disfarçada: em decreto digamos, customizado, assinado em 31/12/2015, aliviou as penas de parte dos presidiários da Lava Jato. Ninguém soube, ninguém viu. Mas você, ícone da riqueza travestida de eterno retirante, não pode ficar em cima do muro, ou corre o risco de ficar debaixo do Moro. 

Devolva, principalmente, o trono que você recebeu de nação africana amiga, à guisa de souvenir. Em primeiro lugar, por ser bem de caráter cultural, como define o texto acima; em segundo, para que você e sua sucessora-tampão percebam de vez que não são monarcas, e passem a trabalhar para o povo que pagou seu salário e agora paga a sua aposentadoria, além do salário da atual presidente. Chega de monarcas, basta de transgressões da ex-querda, essa direita pintada de vermelho-Bolivar.

Aguardo que a PF e a PGR se manifestem sobre o restante dos conteúdos transportados e armazenados pela OAS. Que se desvende mais esse segredo.

Por falar em monarquia e apropriações indébitas, em um sábado como outro qualquer, Dilma Rousseff desloca-se em avião e helicóptero presidenciais para um passeio particular, não republicano: um partidário ato de desagravo a Lula, que na véspera chorou(?) diante de uma congregação de fiéis. Isso pode, TCU? Isso pode, PGR?



sábado, 5 de março de 2016

Ecos atuais de uma velha ex-querda: o fantasma do passado voltou

Ricardo Goldbach

"Campanha do Medo" - candidata Dilma Rousseff, 2014

















A presidente da República, o Partido dos Trabalhadores e o séquito de idólatras gritam hoje "Não vai ter golpe!", antecipando o segundo golpe que querem dar. O primeiro golpe já houve, e deu-se a golpes da marquetagem terrorista e barata da última campanha de Dilma, e deu no que deu.

Os líderes da seita que cultua Lula contaminam os fiéis com sandices tais como "Se querem transformar o Brasil na Venezuela, vão conseguir. Se preparem". 

Como assim, "vão conseguir"? A presidente Dilma já pôs o Brasil no rumo da Venezuela. Os dois últimos governantes nunca ouviram falar em "peak oil", apostaram todas as fichas no pré-sal e no petrolão, e perderam. O país está falido e desprestigiado perante a comunidade internacional depois de receber das agências de rating a pecha de "caloteiro".

E como assim, "Se preparem"? O paramilitar João Pedro Stédile ordenou que suas legiões "pão-com-mortadela" engraxem as botas? Outra vez?


Militantes petistas expõem seus argumentos para um não-convertido
diante do Aeroporto de Congonhas (04/03/16) - foto de Pedro Kirilos














"Sangue nos olhos e faca nos dentes" é o novo mote petista. O PT, rejeitado por 58,41% dos eleitores no primeiro turno das últimas eleições presidenciais, dá mais um tiro no pé. E desta vez sem o apoio do terrorismo publicitário que antecipava imagens do que seria o Brasil, caso o adversário vencesse: desemprego, mãe sem dinheiro para remédios da filha, filho da classe média lavando para-brisa de automóvel em sinal de trânsito... Alguém ainda se lembra (refresque a memória aquiabre em nova janela)? Eu me lembro. Mas o PT é o maior adversário do PT e fez o que o adversário externo faria. A tristemente famosa -- e profética -- "Campanha do Medo", criada em 2014 por João Santana e aprovada por Rui Falcão, Dilma e Lula, bate de frente com a recorrente queixa da ex-querda contra a "manipulação midiática".

No que o PT é diferente daquilo que execra? O partido gasta milhões de reais aparelhando uma mídia manipuladora. A "Militância em Ambientes Virtuais" é um dos braços midiáticos do PT, composto por tecladistas assalariados que xingam e ameaçam os infiéis, inventam factóides e disseminam ódio onde quer que se possa usar um teclado, das seções de leitores de jornais à onipresente dobradinha Twitter&Facebook.

O discurso infanto-juvenil da máquina de propaganda ex-querdista massacrou Marina Silva, quando a então candidata afirmou que o pré-sal não deveria ser prioridade de curto prazo; a máquina respondeu que Marina era contra haver crianças em escolas. Argumentação mais imbecil só pode ser encontrada nas pífias defesas agora rabiscadas pelos advogados do PT.

Dilma não vai cair por causa das suas notórias deficiências cognitivas ou da sua igualmente reconhecida falta de talento para a política. Vai cair porque não conseguiu descolar-se de seu passado comprometido com a improbidade administrativa (íntegra da Lei 8.429/1992, abre em nova janela), com o partido da "faca nos dentes" e por dar mais ouvidos ao ectoplasma de Chavez (às vezes encarnado no imaturo companheiro-poste Maduro), do que àqueles que fazem o Brasil crescer, aos operários, aos empresários geradores dos empregos dos operários, todos eles recolhedores de impostos e financiadores da recém-falecida – mas moribunda há décadas -- Previdência Social.

A depender do PT, a Venezuela tem mesmo tudo para ser aqui -- graças a um partido que não tem ao que mais recorrer, a não ser à cegueira religiosa e à raivosa fidelidade do seu rebanho de fiéis.