terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O Poder do Sim

De uma pessoa que é especial para mim, recebi um texto de Osho. Eu o conheci há muito tempo - muito antes de ele deixar de ser Bhagwan Shree Rajneesh - por intermédio de outra pessoa, eternamente especial e que foi precocemente para outro plano. Compartilho aqui o texto recebido, bem como minhas reflexões.

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"O Sagrado Sim

As religiões no passado ensinaram às pessoas uma atitude negativa. As antigas religiões dependem do "não faça": não faça isto, não faça aquilo. Toda a visão delas é: como negar a vida. Pensam que negando vida estarão mais próximas de Deus, e isto é um absurdo. Vida é Deus – negá-la é negar o próprio Deus.

Necessitamos de um coração com um grande sim declarado. E o sim tem que ser tão total que contenha em si mesmo o não. A luz tem que ser tão total que a escuridão se torne uma parte dela. A Vida tem que ser tão total que a morte se torne apenas um episódio dela. E quando a pessoa pode dizer um grande sim para tudo o que existe – para a escuridão, para a luz, para as agonias da vida e para os êxtases da vida, para o corpo e para a alma, para a terra e para o céu – quando a pessoa pode dizer sim a tudo o que existe, isso se torna um sagrado sim. E meu sannyas é baseado no Sagrado Sim. É uma visão totalmente nova.

O não tem que ser dissolvido no sim. As religiões antigas eram, de alguma maneira, suicidas. Elas murcharam as vidas das pessoas. Elas eram escapistas. Não permitiram o amor, não permitiram o relacionamento, não permitiram que a multiplicidade e a riqueza da vida fossem vividas, desfrutadas, experienciadas. Elas ensinaram as pessoas a escapar da vida e de suas múltiplas experiências, a viver em monastérios, a renunciar. Elas eram baseadas no não. Toda a filosofia delas está contida no não. E a pessoa que era muito hábil na negação tornava-se um grande santo aos olhos delas. Essas pessoas tinham algo de masoquismo, eram neuróticas, mas por causa da filosofia do não, neuróticos se tornaram santos; eles eram adorados. Eles estavam se envenenando lentamente, porque quando você diz não para você mesmo, você está se envenenando.

O Sim é doador da vida. E o sim não pode ser parcial; tem de ser total. O Sim não tem que ser algo contra o não, caso contrário será parcial. Sim tem que ser tão enorme, que contenha o não em si mesmo. E quando o sim é tão enorme, tão grande, tão infinito, que é capaz de conter seu oposto, então ele se torna um Sagrado Sim.

Sannyas é um Sagrado Sim para a vida e tudo o que ela contem. E para viver com este sim é necessário coragem!

Viver com este sim significa que se está pronto para se dissolver na existência, que a gota de orvalho está pronta para cair no oceano. Mas no momento em que a gota de orvalho cai no oceano ela também se torna o oceano".

Osho, The Sacred Yes, #1

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Excelente este texto do Osho. De uma certa forma, tem muito a ver com minha atual concepção de “religião”, se é que essa categoria ainda tem algum valor – devidamente respeitados aqueles para os quais ela é importante. A minha poderia bem se chamar “teosofia”, “cosmogonia”, “antroposofia” ou simplesmente “código de conduta para a Vida”.

Caminho para minha própria religião, chamada “Viva e deixe viver”, que tem um mandamento: “Cresça, seja feliz e contribua para o máximo de crescimento e felicidade* que você puder, em torno de você”. Busco exercer isso no meu dia-a-dia, na medida do que posso.

Já faz tempo que reparei que muitas vezes, quando digo algo com o que uma pessoa concorda, ainda assim ela começa uma resposta ou um comentário por um “não”. É absurdamente automática a expressão do “não” que trazemos introjetada. Às vezes vem um “não, sim…”, num conflito interior que, apesar de explicitado, não é da ordem da consciência de quem fala. São perversos, na acepção psi, esses mecanismos dos quais custa nos livrar. Outra forma de se ver - esta é a parte boa - é que em Lógica Matemática dois “nãos” equivalem a um “sim”. Novamente, o “sim” contém o “não”.

Gostei muito da imagem da gota de orvalho no oceano, que, ainda que ínfima, torna-se parte do oceano e portanto o próprio. Aceitar e viver de acordo com isso é um belo exercício de humildade, de reconhecimento e aceitação das próprias limitações e principalmente, ao mesmo tempo, das potencialidades.


Obrigado por compartilhar.

Um beijo do

Ricardo

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* O conceito "felicidade", por si só, já mereceria um post exclusivo. Em alguma hora ele virá.



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