sábado, 20 de junho de 2009

Sobre jornalistas não diplomados

Ricardo Goldbach

As discussões sobre a discutível decisão do STF são muitas vezes temperadas por paixões; de um lado, citações a Fernando Gabeira e Ricardo Kotscho, ambos bem-sucedidos representantes da ala dos sem-diploma, numa argumentação contrária à necessidade de graduação específica. Do outro lado estão posições apaixonadas em defesa do que poderia passar por uma legitimação de reserva de mercado ou por grita classista de igual teor.

Mas é preciso lembrar que o STF não está a serviço apenas do lógico, do razoável, do esperado ou do óbvio previamente codificado; como a própria instituição tem demonstrado nos últimos tempos, interesses políticos, patronais, menores mesmo, são ali fatores de determinação, numa evidência da falibilidade - de boa ou má-fé - que caracteriza os feitos humanos.

Se o que alegadamente se consegue agora, com a decisão do STF, é a universalização da liberdade de expressão, eu pergunto: se um julgamento em tribunal é uma manifestação argumentativa de posições contraditórias, porque não posso me candidatar ao exercício da função de Defensor Público? Ou de Promotor de Justiça? Afinal, possuo capacidades mínimas de expressão e argumentação que me permitissem a aventura. Mas já conheço a resposta: o exercício daquelas funções pressupõe conhecimentos acerca dos códices, da teoria, da praxis e da ritualística envolvidas nas lides processuais. Não seria o caso, então, de o STF informar-se melhor - isso mesmo, informar-se melhor - e levar em conta o que a ementa de um curso de Jornalismo efetivamente acrescenta ao cidadão que, a princípio, tem apenas mero gosto pela coisa? Do domínio das técnicas de reportagem à compreensão fundamental das categorias éticas e jurídicas envolvidas na abordagem jornalística de uma pauta, passando pelo estudo e meditação sobre os aportes humanísticos oferecidos por saberes tais como o da filosofia, sociologia e antropologia, não é pouco o que difere um escrevinhador de um jornalista, e para muito melhor, no caso em questão.

O exemplo de jornalistas famosos e não-diplomados, como Gabeira e Kotscho, não deve ser tomado como pá de cal no debate, uma vez que já houve um tempo na História no qual absolutamente nenhuma profissão era regulamentada. Ainda assim casas eram construidas, gado era transportado, abatido e vendido, mercadorias eram comercializadas em feiras, curandeiros curavam. Mas a ausência de regulamentação prévia não aboliu a necessidade de estabelecimento de códigos e normas de conduta profissional ou exigência de formação específica. Pelo contrário, qualquer profissão que hoje envolva responsabilidade moral ou material é muito bem regulamentada. E no que consiste o exercício do jornalismo, senão no fornecimento de um produto - informação apurada e tratada, com linguagem adaptada ao veículo - que pode causar danos morais e materiais em caso de defeito de fabricação?

Vejo também muita confusão ser causada pela mistura, em um único saco, das funções de repórter e de articulista, por exemplo. O primeiro cumpre pautas pré-definidas, sendo levado às tarefas de pesquisa, apuração de fatos e entrevistas, tudo para relatar algo de interesse da sociedade, com objetividade que rejeite os "achismos" e opiniões do profissional. A linguagem deve ser direta e correta, em texto bem encadeado e fiel a fontes gabaritadas e documentos idem. Já ao articulista, categoria em que são encontrados os contra-exemplos da atualidade, é permitida a expressão de opinião, em função de sua própria e notória trajetória pessoal ou profissional. Desta forma, se vê diariamente artigos escritos por médicos, advogados, filósofos, economistas e clérigos, sem que isso configure exercício ilegal de profissão.

A argumentação favorável à liberalização do exercício da profissão de jornalista, segundo a qual a Lei de Imprensa era um entulho do autoritarismo a ser removido, também não se sustenta. Pelo contrário, o "é proibido proibir", que surgiu na França como resposta aos tempos de treva dos anos 60, tem desaguado cada vez mais em leniência e permissividade, num movimento pendular oposto, que confunde autoridade com autoritarismo, e que produziu efeitos até na educação de crianças e adolescentes, uma vez que reprimir "é feio", passou a ser politicamente incorreto.

Como subproduto benéfico da decisão do STF, tenderão a sobreviver as instituições realmente capacitadas e dedicadas à formação de profissionais; aquelas a que se convencionou chamar de caça-níqueis tenderão a desaparecer, sepultadas pelo ainda menor valor dos diplomas que imprimem e vendem em prestações mensais.

Por fim, como exemplo extremo de ataque a uma suposta reserva de mercado, descubro texto no site do Observatório da Imprensa, de autoria do jornalista Maurício Tuffani. A peça é coalhada de citações, reproduções e até mesmo de expressões matemáticas - que se estendem por três estéreis parágrafos - tudo em formato reconhecidamente acadêmico. Chega a lembrar o que o psicanalista Eduardo Mascarenhas, opositor intelectual de José Guilherme Merquior, classificava de "terrorismo bibliográfico", tamanha a intenção de fazer o leitor perder-se ao acompanhar a ancoragem dos argumentos em terceiros eruditos.

Vertendo para a forma textual minha resposta à Lógica Proposicional de Primeira Ordem empregada por Tuffani para desqualificar por completo a necessidade de diploma para o exercício da profissão de jornalista, e igualmente empregando aquela lógica, me restou concluir, em resposta ao autor, que:
  1. favelas consistem de uma enormidade de edificações erguidas em encostas de substrato rochoso, de configurações topográficas e geológicas de contorno sabidamente não trivial;

  2. as ditas edificações, como também se sabe, são erigidas por pedreiros, carpinteiros, mestres de obra e assemelhados;

  3. logo, não é necessário que alguém seja diplomado em Engenharia Civil para construir, com sucesso, casas em encostas de formação geológica rochosa, quod erat demonstrandum.

Mas prefiro me alinhar com o professor de Legislação e Ética no curso de Jornalismo da Univali (SC), doutorando em Jornalismo na USP e Assessor de Comunicação do Ministério Público da Federal, Rogério Christofoletti, quando ele diz que:

"Dispensar o diploma hoje é como rasgar o documento do obstetra e reconvocar a parteira em seu lugar. Ela pode ser hábil, atenciosa e certeira, mas não teve acesso aos conhecimentos do médico, não dispõe das mesmas condições de operação e expõe as gestantes a riscos maiores. Tempos atrás, quase não havia obstetras, e sempre se recorria às parteiras. Mas o tempo passou, e jogar o diploma do médico no lixo é voltar atrás, permitir-se involuir".

6 comentários:

  1. Belo texto de Goldbach.Mas, como se vê, o estilo segue a linha "diplomista" (sem querer ser Rogério Magri, me permitam o uso do termo), que acelera o raciocínio na direção elitista da categoria que se acomoda no discurso sindical.
    Ser jornalista é diferente de ser a parteira desprovida de conhecimentos.Ser jornalista, antes requer conhecimentos.Porém, tais conhecimentos não se encontram nas salas das universidades.Aliás, se lá se encontrassem, dificilmente seriam encontrados, visto que o estudante de jornalismo e de outras ciências, não são muito chegados á frequência das aulas.
    Outro questão que precisa ser colocada refere-se à qualidade dos profissionais colocados no mercados todos os anos.Triste constatação.Os jornalistas chamados de "precários", "não diplomados" ou ainda de "rábulas", na maioria das vezes, sem exagero, dão um show nos acadêmicos.
    Um argumento muito usado pelos diplomados e defensores da obrigatoriedade do diploma, notadamente nos últimos anos, é a tal ética.Chegam a dizer que ética se aprende na faculdade.Ledo engano.Ética é inerente ao caráter.Cláudio Abramo foi feliz na frase: "a ética do engraxate é a mesma do jornalista".Os "erros" cometidos pelos jornalistas não diplomados são jogados na mídia, num rítmo de balet de elefante.Como se diplomados não protagonizassem erros absurdos.O caso da escola Base é o ponto. Dizem que é um exemplo da necessidade do diploma.Caro Gildbach, os jornalistas que acabaram com as vidas das pessoas da escola Base eram todos formados em universidades famosas.O STF acertou na medida.Cabe á categoria discutir, não do diploma, mas a qualidade do jornalismo oferecido á sociedade, por diplomados e não diplomados.

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  2. Prezado Jair:

    Agradeço pela apreciação e pelos comentários, permita-me comentar os seus.

    O número da identidade profissional de um médico é precedido pela sigla que identifica o conselho competente, no caso o CRM. No caso de engenheiros e arquitetos a coisa muda, a sigla pode ser Crea ou Crea-D. Isto é assim pois houve um tempo no qual aquelas profissões não eram regulamentadas e, quando o foram, os profissionais que já as exerciam foram automaticamente reconhecidos, sendo que diplomados passaram a ser identificados pelo “D”, em seu registro. Os não diplomados eram como as parteiras que exerciam o ofício sem formação legalmente reconhecida e, em ambos os casos, acabaram desaparecendo do mercado – ao menos formal e legalmente.

    No caso do jornalismo o caminho se inverte, por razões não de todo óbvias. Uma das frases mais pronunciadas em nome do bom senso é “em todas as profissões são encontrados bons e maus profissionais”. Ponto pacífico, não sujeito a maiores discussões. E é algo que também se aplica ao jornalismo, claro. Até na mais alta Corte do Brasil há bons e maus juízes, inclusive os que agora estabeleceram novo entendimento sobre a matéria. Têm causado estranheza à sociedade determinadas decisões do STF, bem mais prosaicas do que a comentada benevolência com o banqueiro Daniel Dantas. Refiro-me à decisão recente no sentido de que apresentar identidade falsa à Polícia não é crime, configurando apenas um ato de “legítima defesa”, como se ataque houvesse numa solicitação de identificação por parte de autoridade competente. É esta a justiça que decide os rumos da imprensa no Brasil, e, uma vez considerada sua falibilidade, vamos à questão da ética.

    Não tenho conhecimento acerca da formação dos jornalistas que criaram a tragédia vivida pelos proprietários da Escola Base. O furacão desenvolveu-se tão rapidamente, com toda a mídia aderindo ao linchamento moral, que não sei se hoje é possível identificar os profissionais que se encontravam no epicentro do desastre - não há caixas pretas. Posso apenas presumir que tanto jornalistas diplomados quanto não diplomados trabalhavam nas redações. Concordo com você que ética é da ordem do caráter. Mas tanto um quanto outro podem se aprimorar e evoluir, no plano individual, a partir da observação e metabolização do ensinamento de outros, tanto nas redações quanto nas salas de aula. A diferença é que, quando se começa a aprender com professores, o potencial de erros (ou desastres) é menor, pois o ambiente é controlado, de laboratório mesmo. E, quando o processo de ensino-aprendizado é bem administrado, resulta em formação mais ampla do que aquela que se ganha na “escola da vida”.

    Quanto à qualidade dos profissionais colocados no mercados todos os anos, vejo nitidamente que cai, como em muitas outras profissões. Não conheço todos os "precários" nem todos os diplomados, mas penso que a favor dos primeiros pesam a idade e a experiência, já que são de uma época na qual não se exigia formação específica. Mas lembre-se que conhecemos apenas os bons “precários”, pois os menos dotados ou esforçados certamente desapareceram nas peneiras do mercado.

    Não penso que o diploma ou a experiência sejam vacinas contra erros. Basta observar o estrago causado pelo experiente Ricardo Noblat ao provocar até mesmo incidentes diplomáticos, pela leviandade com a qual tratou o caso de Ana Paula, a brasileira que fingiu ter sido agredida por skinheads na Suiça. Este desastre tem as digitais de Noblat, que deu crédito ao relato de um parente da suposta vítima, e reproduziu, sem qualquer apuração, o conteúdo de uma mera conversa telefônica da qual teve ciência. Não teve atitude de pesquisa e apuração, falou mais alto a pressa em dar o furo. Deu no que deu, com respingos na justiça, na diplomacia e na política em ambos os lados do Atlântico. Noblat, infelizmente, fez nascer mais um triste case.
    (continua)

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  3. Também discordo quanto ao acerto da decisão do STF, assim como não acho que apresentar documento falso à Polícia seja ato de legítima defesa. O STF me deixa contrariado duas vêzes. Concordo, por outro lado, com o fato de que discussões, dentro e fora de categorias profissionais sejam salutares. Neste caso específico, no entanto, acho que desta discussão nascerá apenas a conta de luz, ao contrário do que pensava Aristóteles.

    E a conta será grande por vários motivos. Em primeiro lugar, porque muitos dos conceitos e categorias envolvidos no jornalismo não são de domínio público. É facílimo, ao se acompanhar as discussões, verificar que pouquíssimos debatedores percebem sequer um dos óbvios envolvidos, a diferença entre um repórter e um articulista, e isto seria vital, pois desmontaria no nascedouro o frágil e falso argumento a favor da liberdade de imprensa. Mais desconhecidos ainda são a ementa do curso de jornalismo e o conjunto das atividades práticas acadêmicas necessárias à obtenção do diploma.

    Em segundo lugar está a formalidade do processo de certificação, em si, cujos fracassos não o invalidam. A cada dia vejo e/ou leio sobre barbeiragens, colisões e atropelamentos nas estradas, ruas e avenidas, sem que se proponha a abolição da exigência de carteira de habilitação. Novamente, há bons e maus motoristas. Mas acabar com a exigência de habilitação não me parece razoável apelo ao bom senso. Cassações de habilitações e diplomas são bons instrumentos em defesa da sociedade.

    Em terceiro lugar está algo mais obscuro, que é o conjunto das relações de poder envolvidas. Eu participava, quando cursava Informática na UFRJ na década de 1970, de reuniões da Associação de Profissionais de Processamento de Dados, a APPD. Muitas reuniões eram dedicadas a propostas de regulamentação das diversas categorias profissionais envolvidas na área – analistas, projetistas, digitadores, operadores e outras – bem como à criação de um sindicato, do qual a APPD se pretendia um embrião. Ficou claro, ao longo do tempo, que qualquer iniciativa naquele sentido seria ignorada ou mesmo sabotada pelo governo e pelo patronato, dado o poder que a classe teria: uma greve paralisaria o país em segundos, isso há mais de 30 anos. Da mesma forma, o jornalismo tem um poder que é continuamente sabotado, por dentro e por fora, de modo a não torná-lo uma ameaça aos establishments político e empresarial, que não passam de braços de um mesmo corpo. É sabido, dentro e fora das redações, que investir na montagem de uma empresa jornalística não é ato de filantropia. Pode até ser de um quixotismo brincalhão e inteligente, como no caso do Pasquim, mas mesmo aquele veículo precisava de receita para manter-se até a edição seguinte. E o jogo de hoje, com a globalização de interesses e mercados, com o agenda setting atuando em escala planetária, deixa menos espaço ainda para amadores, sonhadores ou corpos editoriais assépticos. Só há lugar para gatekeepers, por definição comprometidos.

    Por fim, conte comigo para pensar algo em prol da melhoria da qualidade de ensino, tanto no jornalismo quanto nas demais profissões. Aí penso estar a raíz de todos os males. No meu entendimento, o correto, quando falham a educação e o treinamento, é aprimorá-los e excluir o mau profissional resultante, ainda que corporativismos tentem ser obstáculo ao expurgo, e a classe médica não nos deixa mentir. Que estudantes - de jornalismo e de outras carreiras - não muito chegados à frequência das aulas - nem cheguem a graduar-se. O Mec tem sido mais firme nesta tecla: passou a exigir e fiscalizar a reprovação por excesso de faltas, de poucos tempos para cá, independentemente das notas obtidas. Com a aceitação complacente da queda da qualidade de ensino ganham apenas os gatekeepers, que passam a contar com mão de obra mais barata ainda, e que talvez valha mais do que recebe.
    Quem mais ganha com isso?

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  4. Caro Goldback,

    Muito agradecido por sua visita ao meu blog (www.deolhonopoder.blogger.com.br) e pelas considerações deixadas. Prosseguindo em nosso debate, se me permite, gostaria de fazer algumas observações.
    Há exagero na defesa da obrigatoriedade do diploma para jornalista. Os cursos oferecidos hoje, em nada estimulam sua procura. Há falta de preparo dos próprios professores, que em certos casos, nem sabem se expressar em público.A não obrigatoriedade do diploma para publicitário, incrivelmente, e os dados são oficiais, faz só crescer a procura. Tá todo mundo querendo ser publicitário diplomado. Isto é muito bom. No jornalismo, as universidades terão que investir em algo extraordinário para atrair interessados em comunicação social, especificamente com habilitação em jornalismo.
    Só uma provocaçãozinha: quando Gilmar Mendes compara o jornalista ao cozinheiro, não está de todo errado. É bom dizer, antes de tudo, que a imprensa não deu a informação correta sobre essa questão. Mendes usou ainda o marketing como comparativo. Todos os jornalistas, assim como todo cidadão, ainda que de longe, sabe cozinhar. Nem que seja fritar um ovo, um bife, fazer miojo. Todos se arriscam em certas horas. Mas, esses mesmos “cozinheiros” de última hora, em hipótese alguma arriscariam concorrer a uma vaga de chef no melhor restaurante de sua cidade. Assim, nenhum cozinheiro, por mais que escreva bem sobre culinária vai tentar uma vaga de correspondente internacional ou de repórter da editoria de polícia.
    Há exagero, também, na busca por uma importância maior do que a normal do jornalista. Ora, é atividade meramente intelectual. A ética, abordada no texto anterior, não se discute aqui. Alguns diplomados estão xingando o STF e os ministros que o compõem. Aliás, como falta informação jurídica a esses jornalistas! Bem, não só na área jurídica, mas em conhecimentos gerais, muitos diplomados dão vexame. Já teve até jornalista pergunta a proctologista sobre a incidência de câncer de próstata em mulheres. Ave! Teve um desses diplomados, que ao ser pautado para cobrir uma mostra de Picasso, tentou agendar uma entrevista com o artista. Procurou por assessores durante um dia inteiro, até ser informado pelo editor de cultura que Picasso não vive mais entre nós.
    Ricardo, definitivamente, volto a insistir na qualidade do jornalismo que queremos. Hoje, os jornalistas se dedicam ao denuncismo barato e irresponsável. Faz-se a denúncia para depois ouvir o denunciado. Antes, porém, o infeliz do denunciado é exposto como bandido, para mais tarde provar que é inocente. A idéia idiota de que o bom jornalista desconfia de tudo e todos, não cabe para o século XXI. Chega a ser stalinista este pensamento. Não se usa o Código de Ética do Jornalista. Bem, nem dá para usar, pois ele muda a cada encontro nacional de jornalistas. A obrigatoriedade do diploma em nada contribui para o aprimoramento da profissão. Precisamos de cursos melhores, de melhores professores, e principalmente de estudantes mais dedicados e menos arrogantes.

    São José do Rio Preto, SP

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  5. Prezado Jair:

    Concordo com suas considerações sobre ética e má qualidade da formação de muitos profissionais, além das observações sobre os vexames que eles diariamente protagonizam - seja por falta de cultura, informação ou, acrescento eu, boa formação. Para estes, Sócrates foi, no máximo, um excelente jogador da seleção brasileira, assim como Lévi-Strauss foi o inventor da calça jeans.

    Quanto à ética, neste final de década os exemplos de homens públicos e "celebridades" - ou mesmo os de muitos pais - em nada contribuem para a formação moral da juventude. Muito ao contrário, me parece que pouco ou nada resta a fazer.

    Já em relação à importância da boa formação profissional, penso diferente. Tive ótimos professores. Enquanto teclamos, um deles ocupa a direção executiva de telejornal de grande expressão na tevê a cabo. Outro milita há tanto tempo na área do jornalismo impresso que a ele é concedida, por muitos artistas da época, a paternidade da expressão "bossa nova". Um terceiro, recentemente falecido, exerceu direção da Rádio Mec por mais de 20 anos. Muitos outros também traziam invejáveis bagagens profissionais e experiência de vida. Não faltou contato com professores situados abaixo da linha da mediocridade; identifiquei-os de imediato e busquei suprir por conta própria as lacunas que se prenunciavam.

    Os bons mestres que citei contribuiram para lapidar características que eu já havia aprimorado ao longo de carreira anterior: precisão na apuração, encadeamento cartesiano das ideias, correta citação de nomes de pessoas e entidades, além de forte comprometimento com o rigor e a qualidade do relato. O que na minha visão, no entanto, não me dotava das condições que eu considerava necessárias ao exercício da arte/ciência do jornalismo.

    Em que pese o valor de esforços e vocações individuais, eu jamais permitiria que meu cérebro fosse operado por um cirurgião formado na escola da vida. Da mesma forma, creio que dentro da mais atraente e saborosa omelete podem esconder-se salmonelas, coliformes e outros microorganismos prejudiciais à minha saúde, caso o chef em questão não tenha tido acesso bem guiado a mínimas e validadas noções de saúde pública, higiene e conservação de alimentos - dentre tantas outras - para além do mero e essencial gosto pelo ato de cozinhar. Neste caso, sempre é possível procurar restaurante, chef e omelete melhores.

    Um forte abraço.

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  6. Errata: ao contrário do aqui publicado, não foi o STF que considerou legítimo apresentar documentos falsos à Polícia.

    O órgão em questão é o STJMS, o mesmo que determinou que não é crime fazer sexo com menores de idade que se prostituam.

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