26/07/2009 - que a queda não demore.
"A Microsoft divulgou nesta terça-feira (14/7) seis atualizações de segurança para corrigir nove vulnerabilidades em seu pacote mensal de correções, conhecido como Patch Tuesday".Uma das falhas corrigidas neste patch é um
"bug no controle ActiveX [que] havia sido relatado à Microsoft há mais de 15 meses" [grifo meu].Esta brecha que afetava o Internet Explorer e da qual a Microsoft tinha ciência há mais de um ano, vinha sendo cada vez mais explorada em ataques a usuários nos últimos tempos. Já o conserto de outra falha, que também afeta a segurança de usuários do IE, porém descoberta na véspera da distribuição do pacote de remendos, vai ficar para uma outra ocasião. Não parece coisa de quem precise concorrer para sobreviver.
Lena Bergstein é pintora, gravadora, professora de desenho e gravura, e programadora visual. Mora no Rio de Janeiro, onde nasceu.
Cursou o Instituto de Belas Artes (hoje Escola de Artes Visuais) e o atelier de Gravura do Museu de Arte Moderna do Rio;
Participou das mais importantes bienais de gravura nacionais e internacionais, como Curitiba, Ljubljana, Miami, Fredrikstad, Bradford, Taiwan e Montevideo;
Expôs gravuras e pinturas na Petite Galerie, pinturas na galeria Cândido Mendes, montou a instalação Tenda no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Expôs pinturas e os originais do livro "Enlouquecer o Subjétil" no Paço Imperial;
Expôs ainda na Galeria Segno Grafico (Itália), Centro Internazionale di Grafica (Itália), Biblioteca Wittockiana (Bélgica), e Galeria Debret (Paris);
Morou dois anos em Paris, onde participou dos seminários de Jacques Derrida: "Questions de Responsabilité: Du secret au témoignage" e "Hospitalité et Hostilité";
Ganhou o Prêmio Jabuti pela melhor produção editorial de 1999 com o livro "Enlouquecer o Subjétil", criado em parceria com Jacques Derrida;
Lecionou técnicas alternativas de gravura e iniciação à gravura na PUC/RJ, entre 1980 e 1983;
Lecionou desenho de observação, no Departamento de Artes da PUC/RJ, entre 1997 e 1998;
Deu aulas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage;
Apresentou, em janeiro de 2003, "Tramas", exposição de pinturas na Sílvia Cintra Galeria de Arte, e "Amarelo Cromo", exposição de gravuras, no Museu da Chácara do Céu;
Expôs telas e gravuras, no Istituto Ítalo Latino-Americano (Roma) e na Scuola Internazionale di Gráfica (Veneza), em 2004;
Participou da exposição coletiva “Só Pintura”, na galeria Mercedes Viegas, Arte Contemporânea, em 2006;
Participou da exposição “Manobras Radicais” no CCBB de São Paulo, em 2006;
Expôs "A Escrita do Silêncio", em 2004, no Solar de Grandjean de Montigny (PUC-RIO), trabalho sobre o qual escreveu:
A Escrita do Silêncio
Muitas coisas se passaram nesses últimos anos e meu trabalho foi gradualmente mudando. Reparei que as escritas de letras e palavras que impregnavam o trabalho foram se tornando mais espaçadas, mais esgarçadas, e foram pouco a pouco desaparecendo, dando lugar a uma outra escrita, bem diferente, mas que já aparecia pontualmente em desenhos e telas anteriores. Eram costuras, primeiro à mão, depois à máquina, à mão e a máquina, uma tessitura de pontos, linhas, nós, cerzidos, alinhavos, pespontos, pontos em ziguezague.
Se a escrita fonética de textos e palavras me parecia agora excessiva, barulhenta, as costuras a substituíam por um certo silêncio, uma pausa, um vazio povoado de possibilidades."Este é um livro silencioso, e fala, fala baixo", escreve Clarice Lispector, ou ainda como diz Rabi Nahman de Bratislav, numa de suas parábolas, "ele tocava um violino mudo - ou quase, pois o rei acabou por captar uma nota extremamente delicada".
O único ruído que se ouvia era o toque toque toque, da máquina costurando, os ritmos cadenciados do costurar, do cerzir, do levantar a sapatilha que, por sua vez, levantava a agulha e a linha principal, o retrós, do virar o tecido mudando o rumo da costura. Às vezes era necessário enrolar outra vez a linha da carretilha, ou bobina, que ficava embaixo do retrós. O ruído da carretilha enrolando a linha a toda velocidade e depois recolocá-la numa espécie de caixinha, fechar a tampa, abaixar a sapatilha, descer a agulha e a linha e outra vez toque toque toque.
Apesar de não se chamar retrós ou linha mestra, era a linha mais fina da carretilha (ou bobina) que dava solidez e consistência à costura. Mesmo que só aparecesse inteiramente no avesso do tecido, era ela que estruturava a costura e que a prendia ao tecido, arrematando-a.
A busca de uma extrema simplicidade, um quase nada trabalhado que desse a impressão de um se despir, era a trajetória que o trabalho tomava. E eu o seguia.
Através dessas linhas trançadas e costuradas, uma outra questão foi de repente vislumbrada. No texto Un Ver à Soie, de Jacques Derrida, do livro Voiles, me fascina a frase "une femme tisserait comme um corps secrète pour soi son propre textile". Comecei a pensar que a partir das linhas costuradas estaria tecendo uma tessitura, uma veste, um xale, o meu próprio, o meu xale.
Esse xale seria de um tecido da Babilônia, do linho mais puro, bordado de jacintos, de anêmonas violetas, de escarlate e de púrpura, das flores silvestres que traziam o índigo. Seria têxtil, táctil, "doçura mais doce que a própria doçura", uma outra pele, incomparável a qualquer outra pele. Ele não velaria nem esconderia, não mostraria nem anunciaria - ao contrário, ele traria a memória.
Meu xale, todo singular, sensível e calmo, que ia se criando a partir do meu trabalho, uma manufatura de telas, um entrelaçar de fios e fibras...
A leitura do texto Un ver à soie foi da ordem de um acaso, de um encontro que estimula e provoca, que vem se acrescentar a uma elaboração já em andamento abrindo novas nuances de horizontes possíveis. Ampliou minha relação com as tramas, as urdiduras, a tecelagem, fios torcidos e retorcidos, trançados, tecidos sucessivos e infinitos.
O que também ecoou dentro de mim, e "que se joga no tecido desse texto", é sua relação com o fazer da arte, com a criação, ao mesmo tempo com a subjetividade do artista. Constante e lenta elaboração, no diminuir e aumentar os pontos de uma trama, no fazer e desfazer das malhas. Transformação incessante e permanente, pela qual as coisas se criam e se dissolvem em outras coisas, algo que não é, mas se torna, que existe em constante alteração. Um se perder e se reencontrar, nascimento contínuo, que conduz a arte através da noite, mais longe que o visível ou o previsível, experiência muda de um sentido mudo.