terça-feira, 12 de novembro de 2013

Creditar? Não acredito mais

ou "Lançar pândegas! Arrebitar os mequetrefes! Içar maçaricos e pleonasmos... Abordar!"  

por Ricardo Goldbach
 

Composição minha, de duas imagens de autoria desconhecida


O acaso é poderoso: muita coisa acontece por causa dele, por acaso. Há pouco tempo descobri, e por acaso, que uma foto de minha autoria foi usada para ilustrar cerca de 2/3 da primeira página de um jornal, o house organ de um daqueles megacondomínios da Barra da Tijuca.

Coisa bacana! Só faltou eu ter autorizado o uso do meu material. Com um exemplar em mãos, descobri mais: a "editora responsável"  -- não a conheço pessoalmente e refiro-me a ela assim, entre aspas, pelo fato de o expediente não identificar um jornalista sequer -- atribui a si mesma, genericamente, a autoria das fotos publicadas, salvo os casos em que ela decide dar crédito a um ou outro autor. Não foi meu caso. Coisa chata.

Deixei o assunto de lado, até porque (acho que eu já disse isso)
o expediente do veículo não identifica um jornalista sequer. Logo, eu não seria compreendido ao citar categorias tais como ética jornalística, direito de propriedade intelectual e outras. Deixei de lado. Coisa que acontece.

No dia de hoje, folheando a oferta de cursos da plataforma Coursera, um tema despertou meu interesse: "The Camera Never Lies", ministrado pelo Dr. Emmett Sullivan, do Departamento de História do Royal Holloway, University of London. "Já é!", pensei, "quero acompanhar o próximo".




Fiz uma rápida busca no Google para localizar referências mais específicas a respeito de um dos textos de leitura recomendada. Achei. Achei uma instituição chamada KayaLabs, que oferece o mesmo conteúdo programático, com idêntica apresentação (palavra por palavra, letra por letra) e idêntico programa (idem, idem) e até o mesmo erro de gramática -- sem qualquer referência que seja ao curso ou ao nome do Dr. Sullivan. A favor dos piratas, a atenção que demonstraram ao excluir a referência à universidade inglesa. Ah, sim, também tiraram o "The", do nome do curso, que é para não dar muito na vista:

 

Constatação (que novidade...): a Terra, que já foi chamada de "nave-mãe" de nossa jornada pelo espaço sideral, torna-se mais e mais uma nave pirata, em jornada através dos mares cheios de lodo e sargaço da amoralidade, da generalização fomentada pela internet, segundo a qual "se está ali é de graça, não tem dono, posso dizer que é meu".

Coisas às quais é preciso se acostumar.


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