por Ricardo Goldbach
Não sou economista, mas de vez em quando me pego pensando nos humores dos nossos dinheiros. Melhor dizendo, naqueles que determinam os humores dos nosso dinheiros.
Como dizia Goulart de Andrade, vem comigo: os bancos são obrigados a depositar no Banco Central um percentual específico dos depósitos à vista. Dessa forma, o governo controla a liquidez da economia brasileira, com injeção ou retirada de recursos. Figurativamente falando, trata-se de um "pulmão", que encolhe ou expande na medida da necessidade.
Mas vai que nesses tempos de inflação em disparada, de juros recordistas, de economia em contração e de população endividada (e de urnas à vista, não nos esqueçamos), que tipo de genialidade nos é apresentada? Abrem-se hoje as comportas do pulmão, injetando R$ 45 bilhões... inicialmente, nos bancos. Os bancos emprestarão esse novo dinheiro, a juros altos, a uma clientela endividada e aflita com a inflação, para...
... "para aquecer a economia, pois os juros deverão cair", dizem os tecnocratas e a mídia amestrada. "Entrará dinheiro na economia, com aumento do consumo, com o consequente reaquecimento das indústrias, que gerarão empregos para empregados que comprarão mais, com o que ensejarão aumento de recolhimento de impostos..." Só faltou combinarem com os russos, porque esse esquema tático pode embolar o meio de campo e beneficiar apenas...
... apenas a indústria do ágio oficializado, dos bancos que exibem lucros sempre crescentes, quer sob gestão FHCista, quer Lulista. Para que essa indústria seja a primeira a se reanimar. Depois virão os empréstimos para pessoas físicas ("se a parcela couber no bolso, pago os juros que forem") e jurídicas ("é isso, encolher, ou – pior --, fechar as portas"). Tipo pirâmide, entende? Quem entra por último nunca se dá bem. Como dizem os analistas de economia, quando não têm o que dizer, resta esperar para ver o que acontece.
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