Há poucos dias, tive a oportunidade de conhecer o escritor Cláudio Murilo Leal. Ouvi pequena palestra desse professor itinerante de Literatura (Brasil, Inglaterra, França e Espanha), finda a qual ele apresentou duas pilhas de livros, de duas obras poéticas suas. Com ar constrangido, explicou que os exemplares estavam à venda, que não os havia trazido como presentes. Mais que explicações, praticamente ofereceu pedido de desculpas por estar a vendê-los, dando relato de um evento daqueles que não precisava ter acontecido -- ou que, em tendo acontecido, melhor teria sido não presenciar.
Em ocasião passada, ao receber de editora em situação falimentar um grande lote de livros de sua autoria, Murilo havia optado por dá-los de presente ao final de aulas, palestras e conferências. Um dia, viu um dos contemplados dar uma rápida folheada no regalo e em seguida atirá-lo ao lixo. Desde então, o poeta abre mão do elegante gesto de presentear pessoas desconhecidas com suas obras.
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Como diria aquele filósofo romeno, "tá danado". "Concerteza", responderia um de seus pares.
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