quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Sobre baderneiros de improviso e baderneiros eleitos

por Ricardo Goldbach

Sobre a invasão das dependências da Câmara dos Deputados por uma horda de rebeldes sem causa e sem miolos, a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) disse, no dia 16/11/2016:

"O que houve hoje não foi uma demonstração da sociedade. Foi um crime contra a democracia, e os que estiverem à frente dele, que estavam claramente incitando os demais, têm que ser investigados, punidos, para que não possam cometer mais algo que invada a democracia."

No entanto, não ficou claro para mim se ela se referia aos desordeiros que vieram das ruas ou às quadrilhas que vieram das urnas, que no momento tentam fabricar leis sob medida que os protejam contra a Lava Jato, cerceando a atuação de procuradores e juízes.

O discurso dela cai direitinho, tanto sobre gregos quanto sobre troianos, tanto sobre os baderneiros que querem intervenção militar quanto sobre Suas Excremências -- azuis e vermelhas, petistas e da base alugada do PT -- que querem o direito de imprimir alvarás de soltura na própria, digamos, Casa da Democracia.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Charlie Hebdo - Um jornal de reprovados na escola da vida

por Ricardo Goldbach



Essa história de ser politicamente incorreto de propósito, só para irritar adultos e chamar a atenção, já deu. Daqui a pouco, a garotada vai matar a mãe ou o pai só pelo prazer de viralizar por 10 minutos. Não, “Charlie Hebdo”, vocês não têm a menor graça; são um desserviço à liberdade de expressão.

Depois da primeira lambança-por-lambança que o semanário francês promoveu, com a polêmica capa que ridicularizava Maomé, outros  inúteis seguiram o caminho, a exemplo, dentre outros, das parvas do Femen que filmaram uma delas sapateando sobre o Alcorão. Deu no que deu.

Talvez por queda de circulação, o “CH” decidiu mijar no tapete da sala novamente, dessa vez com o cartum “Terremoto à Italiana”, que vilipendia as vítimas da tragédia que se abateu sobre a região central da Itália no dia 24/8/16. Esse povo não aprende. Parece que sequer entrou na escola da vida.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Sobre Dilma, a heroína que não foi

por Ricardo Goldbach

É entediante ver os discursos de Dilma e sua claque. No entanto, algo de histórico está no ar, e isso me compele a assistir à maratona de sandices transmitida hoje pela TV, na que se espera seja a última falação de Dilma Rousseff.

Cumprindo o ritual de vítima que a caracteriza, Dilma lembra pela enésima vez que "lutou contra a ditadura", e começa – e acaba aí – qualquer arremedo de currículo que Dilma possa ter. Mas... antes de mais nada, naquela época Dilma e seu bando optaram, ao contrário de outros setores de esquerda, por implantar a ditadura do proletariado por meio de armas de pequeno porte, contra armamentos de um exército aparelhado para combate. Postura pouco inteligente e bastante arrogante, até porque o "proletariado" sequer sabia o que era feito em seu nome. Também desconheço quem mais tenha sido consultado, além de dez ou doze "companheiros", para avalizar aquela aventura de adolescentes que acabou levando o Brasil a tempos mais duros ainda. Essa é Dilma, a aventureira que se gaba de ter sido presa.

Mas a idiotice que marca aquele "enfrentamento" da ditadura militar permaneceu nas ações do restante da vida de Dilma, principalmente quando cumpriu o papel de poste provisoriamente plantado por Lula na presidência, em um mandato-tampão, até que Lula pudesse voltar ao Planalto.

Jamais tendo sido eleita para qualquer cargo em toda a sua vida, Dilma fez o que todo gestor inseguro e despreparado faz: avoca para si todas as decisões, passando ao largo de qualquer delegação de atribuições, numa forma tosca de dizer que "aqui quem manda sou eu". Ora, um líder que tenha atributos de liderança e preparo não precisa dizer isso, muito pelo contrário: ele conversa, ouve e pondera antes de decidir. Mas, segundo o ex-ministro Jacques Wagner, "Dilma é o ministro".

Autointitulada expert em energia – balela na qual Lula acreditou --, é responsável, por exemplo, pelo fato de o Nordeste ter as maiores fazendas de geração de energia eólica, sem que haja redes de distribuição (de responsabilidade do Estado) para levar a energia gerada até os consumidores.

Do Portal do Consumidor, em 09/05/2011:

"Rio - Entidades de defesa do consumidor voltaram a pressionar o governo para que devolva os R$ 7 bilhões cobrados indevidamente nas contas de luz entre 2002 e 2009, devido a erro na metodologia de cálculo. Ontem, a Frente de Trabalho de Energia Elétrica enviou documento ao Ministério da Casa Civil cobrando providências para ressarcir os consumidores. A devolução poderia ser feita por meio de descontos na conta de energia elétrica."

Do site da Câmara dos Deputados, em 24/02/2011:

"Proposta em tramitação na Câmara obriga as concessionárias de energia elétrica a devolver cerca de R$ 7 bilhões cobrados indevidamente dos consumidores nas contas de luz entre 2002 e 2009, conforme apurou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Tarifas de Energia.
A medida faz parte do Projeto de Decreto Legislativo 10/11, dos deputados Eduardo da Fonte (PP-PE) e Weliton Prado (PT-MG), que susta o ato 3.872/10, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela legalização da cobrança. 'É necessário que o Congresso Nacional intervenha para coibir esse calote que foi praticado pela Aneel”, afirmam.'"

O que fez a "especialista em energia", após a descoberta desse golpe contra o consumidor? Dilma não fala sobre erro em cobrança nem sobre acobertamento por parte da Aneel; ela apenas "deu" um presente à população, na forma de desconto, mas quem pagou não foram as concessionárias; foi o Tesouro Nacional. Do site do Valor Econômico, em 11/09/2012:

“A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira que os descontos da conta de luz poderão ser ainda maiores que os anunciados hoje pelo governo, em medidas que preveem cortes de 16,2% na conta do consumidor final e até 28% para o setor empresarial. Hoje, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, anunciou a retirada de encargos que incidiam sobre a conta de luz, o que resultará em diminuição do custo de energia, tanto para empresas quanto para consumidores.”

Mais ainda, em pleno século XXI, a ex-presa política (nunca nos esqueçamos do ponto alto do currículo de Dilma) insiste na caríssima e improvável aventura do pré-sal, quando o mundo inteiro investe pesadamente em formas alternativas de geração de energia. Os experts do mundo inteiro sabem – menos Dilma, que prova não entender do assunto –, que já faz anos que passamos do peak oil. Além da escassez de petróleo que causa o aumento dos custos de prospecção e extração, praticamente acabou-se o gás natural que empurra o óleo dos grandes poços para a superfície; agora o óleo só virá à tona mediante injeção de gás que crie pressão positiva no interior dos poços. Se saber o custo de um BTU transforma alguém em especialista, o Google me informa e me forma em segundos. Espere um pouco... Pronto, virei especialista em energia.

Agora vamos ver quem são alguns dos defensores de Dilma, seja para dar alguma sobrevida à militância, seja para aparecer diante de câmeras televisivas e de gravação de documentários encomendados, seja por todos esses motivos.

Vanessa Grazziotin. Protagonista da famosa "farsa do ovo", durante disputa pela prefeitura de Manaus. Segundos antes de aparecer diante das câmeras, chorou e disse que foi atingida por um ovo disparado por militantes do adversário. Como inúmeras fotografias demonstraram, os cabelos, o rosto, o colo e as roupas não davam o menor sinal de existência de casca, clara ou gema, durante os exatos momentos de encenação da farsa. Vanessa mudou o discurso, dizendo que levou uma cusparada. Novamente, fotografias da encenação mostram que os militantes do adversário estavam muito distantes do automóvel que a transportou, além de se encontrarem do lado oposto ao da janela onde estava Vanessa.

Mas Vanessa é capaz de mais.

"Presentes à festa de Katia, os senadores que integram a tropa de choque da presidente Dilma Rousseff na comissão do impeachment pediram a intervenção de Renan para acalmar a tropa de choque governista, principalmente os senadores Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e Waldemir Moka(PMDB-MS) apontados como os mais brigões.
– O que está acontecendo com o Moka? Renan, você tem que arrumar uma namorada para ele. Está muito nervoso – sugeriu a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)."

Como se vê, só homens podem ser acusados de sexismo, apesar de Vanessa achar que o papel de uma mulher é "acalmar" um homem.

Jandira Feghali. Manipuladora de fotografias, pega em flagrante em montagem que publicou no Facebook (captura de tela abaixo). Além disso, por falha em metodologia do TSE, são limitados os "nada consta" necessários ao registro de um candidato. Caso contrário, seria divulgado o calote que Jandira deu em fornecedores e empregados (são sete os processos trabalhistas) quando levou à falência um restaurante que tinha no Rio de Janeiro. De um dos processos, do site JusBrasil:

"...Isto posto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE O PEDIDO, À REVELIA para condenar a RECLAMADA , FEGHALI CULINÁRIA ÁRABE LTDA, a pagar a PARTE AUTORA , MICHEL DA SILVA SANTOS, após a liquidação da sentença por cálculos, as verbas deferidas na fundamentação supra, que a este decisum se integra. A Reclamada deverá proceder à anotação do contrato de trabalho na CTPS da parte Autora, para constar as datas de início e término, respectivamente, de 01/04/2014 e 06/08/2014, a função de motoboy e o salário mensal inicial de R$ 3.800,00. Em caso de omissão, fica a Secretaria da Vara autorizada a fazer a devida anotação, com fulcro no artigo 39, da CLT.”




"Denúncia" de Jandira Feghali. Só militante petista consegue acreditar em adesivo que trave a abertura do porta-malas. Já eu denuncio que Jandira acredita que militantes petistas sejam todos idiotas. Mas ela está enganada; pelos números acima, são menos de 20 mil idiotas, adolescentes hipnotizados pela paixão. Mas isso é coisa que passa com o tempo e com alguma leitura.

E, Jandiragem máxima, a congressista apoia com unhas e dentes  a ditadura da Coreia do Norte, a mais cruel dos tempos em que vivemos. Mais sobre isso no verbete "Aldo Rebelo".

Gleisi Hoffmann. Outra que apela para a baixeza. O texto no post dela é: "NÃO É UMA COMISSÃO, É UM PELOTÃO DE FUZILAMENTO. Jogaram a democracia na valeta! A Câmara dos Deputados acaba de patrocinar um espetáculo contra a democracia. Manobras, violência, votação na marra para eleger uma comissão especial de impeachment que livrará Eduardo Cunha e pretende condenar a presidenta Dilma. Isso não é uma comissão, é um pelotão de fuzilamento. O Brasil e sua democracia não merecem isso!"

O deputado Adolfo Sachsida escreve na página de Gleisi uma resposta que depois foi apagada – que coisa feia, senadora:

"Cara Senadora, concordo contigo!!! Sou eu quem aparece na foto. Realmente, jogaram a democracia na valeta!!! Só tem um detalhe: essa foto é do ano passado, quando o governo petista me expulsou do Congresso Nacional simplesmente por eu protestar contra a irresponsabilidade fiscal do governo. A senhora aplaudiu essa truculência toda. Infelizmente o PT e a senhora não respeitam o direito de protesto de quem pensa diferente de vocês.

Gleisi apagou o comentário do deputado e trocou a foto. A postagem original era:





Aldo Rebelo, é um caso à parte (e nisso tem a companhia de Jandira Feghali). Defende com unhas e dentes a ditadura da Coreia do Norte, a mais cruel dos tempos em que vivemos. O regime norte-coreano deve ser bom, porque é aprovado por 100% da população. Em primeiro lugar, é de se desconfiar que tal unanimidade exista, seja lá em que país e regime for. Mas, para Aldo Rebelo, Jandira Feghali e seu séquito de alienados seletivos – “tudo em nome do comunismo” –  recomendo uma busca no Google por “Yodok”. Eles vão encontrar a explicação para os 100%. Aliás, trago para cá o exemplo de Kim Kwang-il, um norte-coreano que consegui fugir de um campo de concentração em 2009, que apelou para o idioma da imagem desenhada, para ilustrar as condições dos campos de concentração destinados não somente a dissidentes do regime, mas a qualquer um, inclusive aos que nasçam no interior de um campo e jamais venham a conhecer outro tipo de vida.
(fonte: dailymail.co.uk)









Se desenhos não bastarem, que leiam esta matéria do Business Insider. Deu para entender os 100% de aprovação do paraíso comunista de Kim Jong-il?



Muito mais se pode dizer sobre o tipo de gente que apoia Dilma, após os honestos e decentes terem abandonado, há tempos, o verdadeiro ninho de ratos em que o PT se transformou, mas essa postagem já está de bom tamanho.


No fundo, no fundo, acho que Dilma está feliz com sua deposição permanente. Ela não tem a menor capacidade de gerir os efeitos de sua auto-herança maldita e está na confortável posição de crítica de qualquer coisa que Temer faça para juntar os cacos do Brasil. E muito do que Temer fez e fará estaria no receituário da própria Dilma, caso ela tivesse coragem de desagradar sua claque cativa. Dilma vai fazer em casa, cercada pelos netinhos, aquilo que o PT sempre soube fazer de melhor: ser oposição.

PS: Por que Gabriel, o Pensador não foi convidado para o enterro da Dilma? Por que apenas Chico, o Buarque?

PS2: Dilma não tem sequer um resquício de vergonha na cara, não? Ela não se cansa de louvar a Constituição de 1988, aquela que o PT recusou-se a assinar. Coisa feia, Dilma.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Mau jornalismo da Globo lança helicóptero de asas fixas

por Ricardo Goldbach

Tecnicamente, um helicóptero é definido como uma aeronave de asas móveis. No entanto, a acelerada decadência do jornalismo brasileiro acaba de lançar o helicóptero de asas fixas, como se pode ver nesta matéria (má-téria?) redigida por um jornalista 6.0, um eu-leitor, um eu-editor ou qualquer outra dessas formas de subemprego adotadas pelos jornalões no esforço pela redução dos custos a qualquer custo.

Não adianta as Organizações Globo publicarem textos de jornalistas mais alfabetizados para tentar convencer o público de que "o leitor está melhor informado do que jamais esteve" -- somente leitores desinformados ainda acreditam nisso.

Não, Globo; jamais os leitores estiveram tão à mercê do amadorismo, da desatenção, da desinformação e da falta de seriedade profissional.




terça-feira, 26 de abril de 2016

Rasgando biografias

por Ricardo Goldbach

Quanto mais José Eduardo Cardozo tenta anular algum procedimento que vá contra os interesses de sua cliente, mais ele anula suas próprias possibilidades de sobrevida profissional em algum escritório de advocacia.

O mais recente tiro no pé é a tentativa de anulação da sessão da Câmara realizada em 17/04, sob o pueril argumento de que os deputados não se referiram ao farto e detalhado libelo acusatório compilado por Bicudo, Reale e Paschoal.

Se Cardozo respeitasse a própria profissão, saberia que a função dos deputados não era discorrer em 10 segundos sobre a peça de acusação, mas sim dizer “sim” ou “não” à conclusão do relator. Se usaram do microfone para nos mostrar de que estofo são feitos os representantes do povo (e, por decorrência, seus eleitores), isso são outros quinhentos – outros tristes e lamentáveis quinhentos –, que não têm nada a ver com a essência do processo.

Já Dilma ainda insiste na arenga de que não colocou dinheiro no bolso. Provavelmente (mal) instruída por seu advogado, finge ignorar a gigantesca maquiagem contábil que promoveu, aliada à passada de trator sobre as atribuições da Câmara. Mas isso não a deve incomodar, porque só rasga biografia quem a tem; no caso de Dilma, o ponto alto de sua carreira (que não inclui um cargo eletivo sequer) é ter sido presa quando  tentava mudar a História do Brasil, enfrentando um exército convencional com um .38 na mão, o que só fez endurecer ainda mais o regime ditatorial.

Dilma é apenas uma embusteira, sem pendores para gerir o que quer que seja, inapta para agir em situações nas quais preparo, cultura e inteligência sejam mais necessários e eficazes do que vitimismo, gritaria e cara feia.

quarta-feira, 16 de março de 2016

A renúncia de Dilma e a transferência de poder para Lula me lembram que...

Ricardo Goldbach


... assim como ditaduras dispensam o apoio popular, a união da propaganda oficial disfarçada com o afago escancarado da iniciativa privada também dispensa a captação via Lei Rouanet.

Mostrem-me outra iniciativa cultural que conte com o apoio desta quadrilha, e eu mastigo um rolo inteiro de celulóide em praça pública:












quinta-feira, 10 de março de 2016

"A Globo não é farmácia, mas é especialista em manipulação"

Ricardo Goldbach

ou "o capitalismo é a exploração do homem pelo homem; já a ex-querda petista propõe o contrário"



A publicação da deputada Jandira "Lula Está Calmo" Feghali no Facebook mostra o que ela pensa. Direito dela. No instante em que fiz captura da tela, cerca de 8.900 pessoas já tinham curtido a postagem, sem perceber que o tal adesivo lacrava o porta-malas do carro. Ou perceberam, mas eram petistas também: vai que vai, essa briga de torcidas virou mesmo um grande vale tudo.

No entanto, o estagiário de Photoshop -- com a incompetência natural dos estagiários e a abissal incompetência média da ex-querda petista -- fez a deputada igualar-se à Globo, o que de imediato me remete a Estocolmo ou a Eletra mal resolvido, essas coisas.

Que ninguém nos ouça, Jandira, mas se essa é a demonstração do seu caráter, está confirmado o diagnóstico segundo o qual "a esquerda brasileira causou mais mal ao comunismo do que todos os anos de ditadura militar somados".

Ah, e prevendo o de sempre, já me antecipo:

- não tenho relação alguma com as Organizações Globo, nem pretendo ter;

- minha relação mais próxima com o governo -- com qualquer governo -- foi na condição de analista de sistemas da UFRJ, como funcionário celetista, nos anos 1970/80;

- por último, fui petista durante anos -- desde antes de o PT existir de fato, a bem da verdade --, mas não me envergonhei de abandonar minhas esperanças quando Lula começou a mostrar sua verdadeira face, lá pelo ano de 2003; vergonha na cara é bom e eu gosto, viu, Jandira?

domingo, 6 de março de 2016

11 containers e um segredo

Ricardo Goldbach

















A OAS (que na época da ditadura militar recebeu o merecido apelido de "Obras do Amigo Sogro") cuidou do transporte e armazenamento dos contêineres repletos de presentes recebidos por Luis Inácio Lula da Silva quando ocupava um cargo de servidor público, o de presidente da República.

Nos dois mandatos consecutivos, Lula acumulou toda sorte de mimos, de relógios a trono(!). No entanto, não precisava – nem devia – afundar-se mais no lamaçal em que se meteu, ao receber mais um favor da mal-afamada e bem-remunerada empreiteira.

O fato é que a legislação brasileira já cuidou desse problema. A resolução nº 03, de 23 de novembro de 2000, emitida pela Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República definiu as regras para o tratamento de presentes e brindes, aplicáveis às autoridades públicas abrangidas pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal.

"A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e considerando que:

a) de acordo com o art. 9º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, é vedada a aceitação de presentes por autoridades públicas a ele submetidas;

b) a aplicação da mencionada norma e de suas exceções requer orientação de caráter prático às referidas autoridades,

Resolve adotar a presente Resolução de caráter interpretativo:

(...)

2. É permitida a aceitação de presentes:

(...)

II – quando ofertados por autoridades estrangeiras, nos casos protocolares em que houver reciprocidade ou em razão do exercício de funções diplomáticas.

3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata de presente cuja aceitação é vedada, a autoridade deverá adotar uma das seguintes providências, em razão da natureza do bem:

I – tratando-se de bem de valor histórico, cultural ou artístico, destiná-lo ao acervo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN para que este lhe dê o destino legal adequado;

II – promover a sua doação a entidade de caráter assistencial ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública, desde que, tratando-se de bem não perecível, esta se comprometa a aplicar o bem ou o produto da sua alienação em suas atividades fim; ou

III - determinar a incorporação ao patrimônio da entidade ou do órgão público onde exerce a função.

(...)

6. Se o valor do brinde ultrapassar a R$ 100,00 (cem reais), será ele tratado como presente, aplicando-se-lhe a norma prevista no item 3 acima.

7. Havendo dúvida se o brinde tem valor comercial de até R$ 100,00 (cem reais), a autoridade determinará sua avaliação junto ao comércio, podendo ainda, se julgar conveniente, dar-lhe desde logo o tratamento de presente."


Portanto, Lula, restam a você duas possíveis atitudes: ou você devolve à União o que não é seu, ou faz lobby para tirar da cadeia todos os ladrões do Brasil. Dilma Rousseff é menos disfarçada: em decreto digamos, customizado, assinado em 31/12/2015, aliviou as penas de parte dos presidiários da Lava Jato. Ninguém soube, ninguém viu. Mas você, ícone da riqueza travestida de eterno retirante, não pode ficar em cima do muro, ou corre o risco de ficar debaixo do Moro. 

Devolva, principalmente, o trono que você recebeu de nação africana amiga, à guisa de souvenir. Em primeiro lugar, por ser bem de caráter cultural, como define o texto acima; em segundo, para que você e sua sucessora-tampão percebam de vez que não são monarcas, e passem a trabalhar para o povo que pagou seu salário e agora paga a sua aposentadoria, além do salário da atual presidente. Chega de monarcas, basta de transgressões da ex-querda, essa direita pintada de vermelho-Bolivar.

Aguardo que a PF e a PGR se manifestem sobre o restante dos conteúdos transportados e armazenados pela OAS. Que se desvende mais esse segredo.

Por falar em monarquia e apropriações indébitas, em um sábado como outro qualquer, Dilma Rousseff desloca-se em avião e helicóptero presidenciais para um passeio particular, não republicano: um partidário ato de desagravo a Lula, que na véspera chorou(?) diante de uma congregação de fiéis. Isso pode, TCU? Isso pode, PGR?



sábado, 5 de março de 2016

Ecos atuais de uma velha ex-querda: o fantasma do passado voltou

Ricardo Goldbach

"Campanha do Medo" - candidata Dilma Rousseff, 2014

















A presidente da República, o Partido dos Trabalhadores e o séquito de idólatras gritam hoje "Não vai ter golpe!", antecipando o segundo golpe que querem dar. O primeiro golpe já houve, e deu-se a golpes da marquetagem terrorista e barata da última campanha de Dilma, e deu no que deu.

Os líderes da seita que cultua Lula contaminam os fiéis com sandices tais como "Se querem transformar o Brasil na Venezuela, vão conseguir. Se preparem". 

Como assim, "vão conseguir"? A presidente Dilma já pôs o Brasil no rumo da Venezuela. Os dois últimos governantes nunca ouviram falar em "peak oil", apostaram todas as fichas no pré-sal e no petrolão, e perderam. O país está falido e desprestigiado perante a comunidade internacional depois de receber das agências de rating a pecha de "caloteiro".

E como assim, "Se preparem"? O paramilitar João Pedro Stédile ordenou que suas legiões "pão-com-mortadela" engraxem as botas? Outra vez?


Militantes petistas expõem seus argumentos para um não-convertido
diante do Aeroporto de Congonhas (04/03/16) - foto de Pedro Kirilos














"Sangue nos olhos e faca nos dentes" é o novo mote petista. O PT, rejeitado por 58,41% dos eleitores no primeiro turno das últimas eleições presidenciais, dá mais um tiro no pé. E desta vez sem o apoio do terrorismo publicitário que antecipava imagens do que seria o Brasil, caso o adversário vencesse: desemprego, mãe sem dinheiro para remédios da filha, filho da classe média lavando para-brisa de automóvel em sinal de trânsito... Alguém ainda se lembra (refresque a memória aquiabre em nova janela)? Eu me lembro. Mas o PT é o maior adversário do PT e fez o que o adversário externo faria. A tristemente famosa -- e profética -- "Campanha do Medo", criada em 2014 por João Santana e aprovada por Rui Falcão, Dilma e Lula, bate de frente com a recorrente queixa da ex-querda contra a "manipulação midiática".

No que o PT é diferente daquilo que execra? O partido gasta milhões de reais aparelhando uma mídia manipuladora. A "Militância em Ambientes Virtuais" é um dos braços midiáticos do PT, composto por tecladistas assalariados que xingam e ameaçam os infiéis, inventam factóides e disseminam ódio onde quer que se possa usar um teclado, das seções de leitores de jornais à onipresente dobradinha Twitter&Facebook.

O discurso infanto-juvenil da máquina de propaganda ex-querdista massacrou Marina Silva, quando a então candidata afirmou que o pré-sal não deveria ser prioridade de curto prazo; a máquina respondeu que Marina era contra haver crianças em escolas. Argumentação mais imbecil só pode ser encontrada nas pífias defesas agora rabiscadas pelos advogados do PT.

Dilma não vai cair por causa das suas notórias deficiências cognitivas ou da sua igualmente reconhecida falta de talento para a política. Vai cair porque não conseguiu descolar-se de seu passado comprometido com a improbidade administrativa (íntegra da Lei 8.429/1992, abre em nova janela), com o partido da "faca nos dentes" e por dar mais ouvidos ao ectoplasma de Chavez (às vezes encarnado no imaturo companheiro-poste Maduro), do que àqueles que fazem o Brasil crescer, aos operários, aos empresários geradores dos empregos dos operários, todos eles recolhedores de impostos e financiadores da recém-falecida – mas moribunda há décadas -- Previdência Social.

A depender do PT, a Venezuela tem mesmo tudo para ser aqui -- graças a um partido que não tem ao que mais recorrer, a não ser à cegueira religiosa e à raivosa fidelidade do seu rebanho de fiéis.