quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Glaxo, Novavax, Baxter e Gilead - a nova corrida do ouro?

Ricardo Goldbach

A evolução dos papéis das quatro empresas de biotecnologia mostra trajetórias semelhantes e convenientes. Após o pico atingido em agosto de 2008, os valores de mercado de três daquelas companhias tiveram queda constante, somente estancada pouco antes da eclosão da primeira epidemia da gripe A(H1N1), ocorrida no México em abril de 2009.











GlaxoSmithKline (fonte: stockspy.com, acesso em 06/08/2009)











Gilead Sciences (fonte: stockspy.com, acesso em 06/08/2009)











Novavax (fonte: stockspy.com, acesso em 06/08/2009)











Baxter International (fonte: stockspy.com, acesso em 06/08/2009)


A inglesa GlaxoSmithKline é a fabricante do antiviral Relenza, sob licença da australiana Biota Holdings Ltd., que recebe como royalties 7% dos resultados das vendas. Com a estimativa da Glaxo de aumento de sua produção anual, de 60 para 190 milhões de doses, as ações da Biota tiveram uma valorização de 400% desde o início de 2009.

A Novavax é uma concorrente de peso neste mercado e anunciou, em 5 de agosto de 2009, o início da utilização de processo por ela patenteado - o Virus-like Particle (VLP) - para reduzir de nove para três meses o tempo de fabricação de antivirais contra o H1N1. Além de mais rápido o VLP é mais barato, pois não utiliza ovos de galinha preparados para cultura de virus destinados à produção de antígenos, como nos processos convencionais.

E o que é Baxter International? É a empresa norteamericana de biotecnologia responsável pelo antiviral Celvapan. Foi de uma instalação da Baxter na cidade austríaca de Orth-Donau, que escapuliu acidentalmente, em fevereiro de 2009, uma não totalmente explicada recombinação entre os virus causadores das gripes A(H5N1), a aviária, e A(H3N2), a influenza sazonal comum. O material contaminado foi distribuído para instalações fabris na Eslovênia, República Tcheca e Alemanha, onde foi utilizado na fabricação de vacinas contra o H3N2. Este grave acidente, explicado pelo porta-voz da Baxter alemã, Jutta Brenn-Vogt, e também reportado pelo Toronto Sun (Canadá), pode ser considerado uma catástrofe, pois deu ao H5N1 o grande poder de transmissão do H3N2, quando o primeiro era considerado como estando sob controle. A grande imprensa não deu mais atenção ao episódio, a quantidade e a localização das mortes resultantes da vacinação fatal não foi divulgada, e a Baxter prosseguiu normalmente no business de antivirais, as usual.

Já a Gilead Sciences é a detentora da patente do Tamiflu, fármaco produzido sob licença pela suiça Roche, mediante pagamento de royalties de 10% sobre os resultados comerciais. O Tamiflu tem como princípio ativo o fosfato de oseltamivir, um inibidor da neuraminidase - enzima que viabiliza a reprodução do vírus na célula hospedeira.

A norteamericana Gilead é uma empresa de grande peso, tanto tecnológico quanto político. De acordo com a CNN, o ex-Secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld foi presidente do conselho da Gilead entre 1997 e 2001, quando saiu para assumir a posição na equipe de George W. Bush. Mesmo afastado da direção da empresa, Rumsfeld manteve participação milionária nos reultados na Gilead, na condição de acionista. Foi Rumsfeld quem mostrou, à época da epidemia de gripe aviária de 2007 - ainda na posição de Secretário de Defesa - que os EUA tinham necessidade de estocar bilhões de dólares em vacinas.

O gráfico abaixo mostra que a preocupação de Rumsfeld fazia mais sentido para um acionista do que de para um interessado em salvaguardas da saúde pública.


(dados colhidos até julho de 2009)


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