quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

"False arrests won't stop us covering Israel's occupation"

Ricardo Goldbach

Não gosto de fazer meros copy&paste, muito menos sem comentários meus, mas aqui vai uma importante relato sobre como a liberdade de imprensa está sendo cerceada pelo exército israelense na Cisjordânia.

Antigamente as identificações profissionais de jornalistas israelenses traziam a seguinte frase: "A polícia de Israel deve dar assistência ao portador deste documento."  Não mais. Segue o testemunho do jornalista Gideon Levy, do Haaretz, publicado hoje (25/12) e encerrado com a promessa: "Continuaremos a cobrir a ocupação [da Cisjordânia]."

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On Monday of this week we drove to the village of Artah, south of Tul Karm, to report yet another story of the evil of the occupation, this one particularly infuriating and sad. The photographer Alex Levac and I were in Artah, intending to return home to Tel Aviv. The soldiers at Checkpoint 407 were surprised to see Israeli Jews leaving from the direction of Tul Karm. We showed our press cards and told them that we had been accustomed to going everywhere in the West Bank for more than 25 years.

Thus began an episode in the theater of the absurd that lasted until evening. The Israeli army and the Israel Police kept us in custody for about the next nine hours. The soldiers confiscated our car keys and identity documents lest we run for our lives. We were not allowed to get out of the car, even for a moment. One insolent soldier was insulted on account of nothing and the police were summoned on account of nothing. The police did not even ask us what had happened – and just like that, we were “detained.”

We were put inside a “Caracal” – an armored, reinforced metal monster with barred windows – and we drove for about an hour to the Ariel police station. There we were questioned and fingerprinted. Mug shots were taken of us for the criminals’ photo album, and we were subjected to humiliation. On the way there, I thought about the Palestinian children whom these police arrest and place in this same metal monster and what they endure. The police officers said we were being “detained” – a euphemism for arrest. When we asked to go to the bathroom, the duty officer barked: Not without an escort. The detective said we were endangering national security.

The police station in Ariel is a place to see. There is a photograph of a rabbi on the wall of the interrogation room, and a thick-bearded man walked freely around the station, offering Hanukkah donuts to the police officers and asking if they had put on tefillin that day.

The allegations: violating an emergency order and insulting a soldier. The law books contain no statutes about insulting a journalist. Even as we were on our way to Ariel, we heard the false accusation that came from the army, and then the official statement of the Judea and Samaria District Police: We had spat at the soldiers. First the “murdering” pilots (which I never wrote), and now the “spitting libel” (I never spat on them). If we were suspected of having spat at soldiers, it is easy to imagine the intolerable ease with which the soldiers could say, falsely, that a Palestinian had pulled a knife at a checkpoint or threatened them a moment before they shot him dead.

This could have been a negligible story if it did not signal the ill wind that is blowing in the Israel Police and in the army: journalists are a nuisance (in the best case) and a hostile element (in any other case). Israeli press cards from years ago bore the following sentence: “The Israel Police is asked to assist the bearer of this card.”

It never occurs to the police in the territories to assist journalists; they usually try to sabotage their work, with the army beside them. Even the sanctimonious concern that IDF Spokesman’s Office personnel express for journalists’ safety – the explanation given for why any entry into Area A must be coordinated with that office – is flawed by a basic lack of understanding. Some professions are dangerous, and journalism is not doing its job by “coordinating” with the authorities. The authorities’ intention is clear: to close the West Bank to scrutiny, or at least to make it hard for journalists to work there. Gaza has been closed to Israeli journalists for about eight years – a scandal in itself – and journalists bow their heads in surrender. That must not be allowed to happen in the West Bank too, even if only a tiny group of people still shows the slightest interest in what goes on there.

They let us go in the evening. The Israeli Police’s APC brought us back to the checkpoint. The case awaits a decision. Another decision is obvious: We will keep on covering the occupation.


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Carta aberta a Dilma Rousseff

ou "Chame o síndico!"

Ricardo Goldbach

É de embasbacar, dona Dilma, mas passados 14 anos desde que o Partido dos Trabalhadores assumiu o poder, Lula descobre que "o povo quer mais ética". É assim que ele classifica em seu blog o recado das eleições de 26 de outubro de 2014.

Dois erros, zero acertos e uma omissão. Em primeiro lugar, é de estranhar que só agora o óbvio seja admitido. Coisas da retórica, é o que pode ser dito em favor dele. E é só o que pode ser dito em favor dele, não mais.

Em segundo, não existe essa coisa de "mais ética", assim como não existe "meia ética"; trata-se de um conceito binário: existe ou não. Há caráter ou não há; existe a enorme necessidade de deturpar o idioma, com a sua asquerosa substituição de "crime" por "malfeito" e outras artimanhas igualmente orwellianas, ou não existe – e Orwell já dava lições de contabilidade criativa; está lá para quem tiver olhos de ver. Você viu, dona Dilma?

A conveniente omissão do seu mentor diz respeito ao fato de no 1º turno o Brasil ter rechaçado o ausente programa de governo do PT, dando ao partido 41,49% dos votos. Não é pouco, mas não é aprovação. Já no 2º turno, foi a baixaria que seus marqueteiros patrocinaram, que sua militância adestrada copiou e que não merece ser dissecada novamente.

Ainda está em meus ouvidos a demagógica fala final do seu discurso de posse em janeiro de 2011: "Agora, com licença, que eu vou cuidar do meu povo". Engano seu, dona Dilma: você não foi eleita nem reeleita para "cuidar do seu povo".

Mal comparando e bem descrevendo, uma chefa de governo – está bem, eu me rendo – não é mais que uma síndica de prédio, que recolhe e administra as taxas que mantêm funcionando um bem comum, ou uma res pública, como é o caso aqui, tudo de acordo com a Convenção do Condomínio. É só isso que o “seu povo” quer, já estará de bom tamanho. Então chega de amenizar seus próprios crimes com o infantojuvenil argumento de que "eles fizeram pior, eles roubaram mais que nós". Roubo, assim como ética, existe ou não existe. Não há doutor sem doutorado, dona Dilma, que me prove o contrário.

Faça então seu papel de síndica: pare de deixar o dinheiro da reforma do elevador ir para o novo carrão do subsíndico, evite que as lâmpadas de iluminação da portaria sejam compradas pelo triplo do preço do bazar da esquina. Explicando melhor: faça o serviço para o qual você foi contratada e é paga para fazer. E isso inclui execrar e perseguir os ladrões de ontem, desde que você, dona Dilma, tenha igual empenho para execrar e perseguir os de agora, desse minuto, desse segundo em que escrevo. Deixe de ser cartola de time de futebol, comece a ser chefa de governo. Ainda dá tempo. Vai começar o 2º tempo.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O Gerente de Catecismo da Petrobras, esse jabuti

Ricardo Goldbach

Ontem um GE (gerente-executivo) da Petrobras reuniu funcionários para uma palestra. Lá pelas tantas, depois de tentar explicar o inexplicável, a refinaria de Pasadena, passou ao proselitismo político característico de sindicalistas guindados a posições para as quais estão absolutamente despreparados. Como se sabe, sindicalistas são preparados para ser... sindicalistas. Gestão são outros 500, jamais outros 13 ou 171.

Desperdiçando tempo e dinheiro da União, dos acionistas e dos funcionários concursados, ele reproduz diálogo que manteve(?) com um vizinho seu. Segundo minha fonte, foi algo assim:

- Viu que legal? O filho do porteiro entrou para a faculdade X. – diz ele.

- Que absurdo, é a faculdade onde meu filho estuda! Ele vai estudar ao lado de pobre?!  – indigna-se o vizinho.

Ora, esse tipo de doutrinação ideológica, essa incitação a uma pretensa luta de classes, esse diálogo fabricado em escritório de marquetagem, só convence a um indigente intelectual. Somente soa verídico para quem gosta de encarar a arena política como uma arena da Roma antiga, onde valia tudo e de onde apenas um combatente podia sair vivo. É assim que pensa e age a maioria dos militantes dos grandes partidos – sejam os da direita azul, da verde ou da vermelha, dessa ex-querda que envergonha a nação sempre que tem oportunidade.

Houve época em que se dizia, na esquerda (a antecessora da ex-querda), que a solução para o Brasil era minar o sistema por dentro. A saída era fazer parte da máquina e alterá-la aos poucos, uma vez lá dentro.

Mas, como sabiamente lembra Bakunin, trabalhadores despreparados, quando alçados ao poder, deixam de ser trabalhadores e passam automaticamente à condição de elite. E, como insiste a natureza humana, defender os próprios interesses é primordial, é disso que se trata. Essa é a ex-querda, um amálgama de despreparados e alianças pragmaticamente contraditórias.

Não é à toa que o lulopetismo faz tanta questão de execrar as elites (espertamente, sem dizer diretamente a quem se refere); antigamente, o consciente coletivo associava elite a banqueiros, sem um pestanejar que fosse. Hoje em dia o lulopetismo anda de braços dados com os favores dos bancos (vide balanços sempre recordistas), sem falar nas alianças capazes de fazer corar um prostíbulo inteiro, com Katia Abreu, Sarney, Collor et caterva. Como pega mal falar mal do aliado alugado, elite é elite e pronto. Cada um que imagine a elite que quiser.

Minar o sistema por dentro podia ser uma ideia interessante, mais produtiva do que dar tiros de tresoitão em um tanque verde-oliva. Por outro lado, esquecer-se do discurso original ao virar elite e mostrar, à luz do dia, que não há projeto substitutivo algum, só pode dar no que está dando. 

O PT lembra o cão que corre atrás de um carro, esgoelando-se de tanto latir, mas que fica quieto quando o carro para, e abana o rabo, com cara de bobo. O lulopetismo faz pior do que o cão: alcançou o que queria, virou elite e faz de conta que ainda tem vontade de latir. Com isso consegue enganar mais da metade do eleitorado. Só não percebe quem quiser fazer papel de bobo, quem quiser dar ouvidos aos Gerentes de Catecismo da Petrobras e assemelhados  a esses jabutis que aparelham o alto das árvores, lá colocados pelos que desejam o Palácio do Planalto como morada eterna.


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Da série "tudo já estava escrito" (1)

Posses, prostíbulo 12:veículo 13

E no décimo ano
a maçonaria
de terras do norte
aliou-se ao óleo
de terras do sul.

E todos viram
que era bom
e todos se regozijaram.

E comemoraram
com cânticos de louvor,
vinho, tinta de caneta,
e muitas danças,
as novas e férteis alianças.

Em meio ao clamor
e ao júbilo,
os contratos cresceram,
prosperaram
e se multiplicaram.

E todos viram
que era bom
e todos se regozijaram.


Ricardo Goldbach
(publicado no ex-Facebook em 24/01/2012)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Dilma não gosta de sinais vermelhos

Ricardo Goldbach

Este post dispensaria palavras, diante das duas emblemáticas imagens publicadas neste dia 04/12. Uma criança pobre refresca-se nas águas de um bueiro, enquanto um bocejante prócer da elite do PT aguarda sua parte do refresco, sob a forma de dinheiro público, para isentar a arrogante monarca presidente Dilma Youssef Rousseff do crime de responsabilidade que cometeu (leis 1.079/1950 e 12.952/2014) ao gastar demais e planejar de menos durante o exercício desenvolvimentista-populista-eleitoreiro-fiscal de 2014:

Foto: Givaldo Barbosa
Foto: Marcelo Piu




O fato é que Dilma gosta da cor vermelha, mas não gosta de parar em sinais vermelhos. Nada mais lógico então, segundo a lógica mafiosa adotada aqui no Venezuéxico, do que mandar seus bem pagos capos arrancarem da frente dela todos os sinais de trânsito. Pronto, ela fugiu do indiciamento e do processo. Outra criminosa malfeitora à solta.

Parafraseio o que creio ser de Luiz Almeida Marins:
"Não existe um país chamado Brasil; o que existe é um país chamado Brasília, e o resto é território de exploração."
E depois me pergunto: por que não colocarmos Luis Fernando Costa (a.k.a. Fernandinho Beira-Mar) na presidência da república e acabarmos, de uma vez por todas, com esses intermediários avermelhados (por interesse) e despreparados (por natureza)?




quarta-feira, 26 de novembro de 2014

00America

by Ricardo Goldbach

My response to an "all Ferguson need is love" flavored article published at LinkedIn

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So Michael Brown case is closed, after a jury of not that much peers – as St. Louis demographics clearly depicts -- issued the verdict. And that inevitably brings to my mind the slaughtering of Kajieme Powell, also perpetrated by police officers, less than 4 miles away from the spot where Brown was slayed, just ten days having passed.

On Aug 19, 2014, two trigger happy officers obeyed to a Powell's bravado, "Come on, shoot me!", and emptied their magazines at him. Just to make sure orders were strictly followed, four more bullets were shot after Powell was already down. Then, adding corpse desecration to the first crime, one officer turns the laying body around so as to comply to a handcuffing standard procedure. It was all caught on tape. I'm eager to see what 00America, with its widespread license to kill, has to say about that. Facts are not that arguable nor that prone to be twisted as in Brown's case. I'm waiting to see if vere is dictum.


domingo, 23 de novembro de 2014

O infinitivo flexionado, esse desconhecido

Ricardo Goldbach

E vai que, lendo matéria sobre o que se convencionou chamar de "tecnologia", me deparo com:
— Definiticamente estamos vendo os crimininosos focar a sua atenção em dispositivos móveis. Isso ocorre porque passamos mais tempo agora com aplicativos e telefones do que com desktops — afirmou ele à "BBC".
Quatro coisas chamaram minha atenção:

- o "Definiticamente", que comprova que os jornais estão cortando despesas com corretores ortográficos, com jornalistas ou com ambas as coisas (eu apostaria nesta última hipótese);

- o emprego do desagradável e onipresente modismo "focar", que denota comportamento de rebanho, falta de criatividade ou ambas as coisas (eu apostaria nesta última hipótese);

- a falta de concordância entre "criminosos" e "sua atenção", que mostra... Bem, já deu para entender;

- por fim, o uso incorreto da flexão do infinitivo – "estamos vendo os criminosos focar". E era aqui que eu queria chegar.

Você diria Vamos sair para jantarmos? Não, certamente não. Isso não "soa bem aos ouvidos". Mas que regras fazem com que algo soe bem aos ouvidos e à gramática, tudo junto, ao mesmo tempo, agora?

A mais simples é: a quais sujeitos se aplicam os verbos em questão?

Na frase acima, há apenas um sujeito, nós (está oculto, mas está lá). Assim, se o verbo da primeira oração – sairemos ("vamos sair") -- já está no plural, não se flexiona o verbo da segunda oração. Fica jantar, mesmo, e não jantarmos: Vamos sair para jantar. O sujeito é o mesmo, nós

Repita comigo: se o sujeito é o mesmo, não vou flexionar o verbo da segunda oração.

Agora vamos a um contraexemplo, uma frase com duas orações e dois sujeitos diferentes:
Eles nos convidaram para sairmos.
Parece errado? Pode até parecer, mas não é. Se são dois sujeitos (eles e nós), então são duas flexões independentes.

No próximo exemplo fica mais clara a importância da boa flexão do infinitivo; é um daqueles casos em que a escrita pode mudar totalmente o sentido das coisas. Observe a enorme diferença de significado entre as frases:
Estou me preparando para sair.
(sairei sozinho)  
Estou me preparando para sairmos. 
(sairemos juntos, mas, aparentemente, só eu me dedico à preparação)
Estamos nos preparando para sair.
(todos nos preparamos para sair e sairemos juntos)
Estamos nos preparando para sairmos. 
Já o quarto exemplo... Isso, ele está errado; você já pegou o espírito da coisa: quem manda é o sujeito da segunda oração, ao ser o mesmo (ou não) que o da primeira.

Aliás, o sujeito influencia um bocado uma outra situação -- o uso da vírgula em oração coordenada sindética aditiva --, mas isso fica para outro post. Enquanto isso, vamos vendo os criminosos focarem suas atenções no que lhes interessa, como é de se esperar. Até.


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Pensucinto

Ecos da ex-querda: o ciclo se fechou, a mamata para a Katia quase se Abriu.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Sobre helipontos e poetas

por Ricardo Goldbach

Sou do tempo em que jornalistas brasileiros precisavam (e sabiam) escrever no próprio idioma. Mesmo antes que eu estudasse Jornalismo -- coisa que fiz tarde na vida, se é que algo na vida acontece tardiamente -- eu já apreciava e namorava a beleza da boa expressão. Jornalistas de hoje escreveriam "Sou do tempo onde", como é de praxe no portuguismo que ignora o correto uso de "onde". Aonde Onde eu estava? Ah, sim, no portuguismo, esse filho bastardo da união entre o modismo e a aprovação automática em escolas primárias e universidades, em cujas as aulas de reeducação ideológica se ensina que "crime" e "malfeito" são sinônimos, além de outras baboseiras.

Leio hoje, na edição do jornalão online, alguém escrevendo sobre as suaves inquietudes que assoberbavam um momento de trivialidades passageiras (entendo isso, também já fui apaixonado por mim mesmo; hoje em dia, me gostar me basta). Mas vai que na mesma edição está lá, em matéria sobre o mercado imobiliário:  "Dos americanos, apenas 7% escolheram um heliporto no telhado como um item indispensável para a casa de luxo".

E bota luxo nisso, já que, ao contrário do que se aprende nas páginas do feicebuque, um heliporto é composto de ponto de aterrisagem, estação de embarque e desembarque de cargas e passageiros, e por aí vai. No telhado de uma casa menor que o Taj Mahal ou o Palácio do Planalto caberia no máximo um heliponto: Mestre Aurélio ensina que "heliponto" é uma "porção de solo ou água, ou estrutura artificial, usada para pousos e decolagens de helicópteros". Por exemplo, com um balde de tinta e 25 metros quadrados de chão já dá para fazer um heliponto. Deu para perceber? Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, e ambas são muito diferentes entre si. Mas são coisas que só um jornalista medianamente preparado precisaria saber.

Já o Português e o portuguismo igualam-se com a velocidade e a letalidade de ebola linguístico cuja a vacina está sendo destruída no dia dia dia a dia, nas redações, nas escolas e no Twitter, até que um país inteiro seje seja incapaz de processar as mensagens que lê e ouve, e que se consolide de vez "o pântano enganoso das bocas" a que se referia -- ainda que em outro contexto -- o poeta Thiago de Mello.

[editado]

Dia seguinte, no jornalão, em matéria sobre necessidade de economia de água:


46 mil litros de água para um único banho? Litros de água seriam "disperdiçados"? Então tá. Estamos combinados. E mal pagos: não é de hoje que a redação do Globo acolhe reprovados no Enem.


domingo, 9 de novembro de 2014

O futuro chegou. Quero o passado de volta.

Ricardo Goldbach

Karl se diz pesquisador na área de segurança digital. Alguns anos antes de se descrever assim, quando ainda estudava Ciência da Computação na Universidade de Washington, ele e alguns amigos resolveram hackear um automóvel, como parte de projeto acadêmico. Compraram alguns sedans de porte médio, desses completamente dotados de circuitos de automação e controle.

Os veículos dispunham de telefonia celular, para fazer ligações automáticas para o número de emergências; de rádio tocador de CD's e MP3; de conectividade Bluetooth, além de interfaces para abertura de portas e monitoramento de pressão de pneus. Estamos falando de infraestrutura para conexões com redes pessoal, local, wifi e telefônica.

Com acesso combinado ao rádio, aos dispositivos Bluetooth e à telefonia celular do automóvel, Karl e seus colegas conseguiram obter uma mensagem de resposta, via TCP/IP. Com o acesso aberto, chegaram à unidade central de controle, localizada no porta-malas, e começaram a enviar comandos diversos para os diversos sistemas. Tudo, passando por iluminação, limpador de parabrisa e freios -- à exceção da direção --, teria ficado sob controle dos estudantes,.

Karl diz que isso foi antes da existência dos sistemas de auxílio a estacionamento, com as câmeras e displays que vemos hoje, que põem mais recursos ainda à disposição de um invasor – inclusive o controle do volante. São novidades velhas. Dentre as novas, ladrões que já plugam um pequeno circuito na central de diagnóstico, ligam o motor e saem dirigindo, depois de desativar as travas eletrônicas, é claro.

E, sempre tendo em mente a proteção do cidadão (digamos assim), o governo dos EUA quer que os automóveis saiam de fábrica dotados de sistemas anticolisão, à semelhança dos existentes em aeronaves. Isso significa mais comunicação embarcada, maior tráfego de mensagens wireless, mais portas abertas a invasões. Para facilitar a vida dos intrusos, uma montadora lançou em 2013 um aplicativo que reune várias funcionalidades automotivas numa mesma interface de smartfone. Precisa de senha? Sim, mas... O enlace é criptografado? Sim, mas...

Para. Quero descer. Mas... onde fica o botão?

(com informações do "The Guardian")

domingo, 2 de novembro de 2014

Samsung Galaxy S3 Mini: insufficient storage available issue [solved]

by Ricardo Goldbach


Going straight to the bottom line:

1. At the Link2SD UI, select "Settings" (at the upper right corner):



2. At the next screen, choose "Install location":



3. At the next screen, choose "Internal". From this point on, new apps will be stored at the external card, though referenced by a symbolic link stored at the internal storage:



4. With plenty of internal storage space available, you are ready to go; all your new apps will be seen and managed by Android as "Linked -> SD Card":


Previously installed apps can also be linked, thus freeing more valuable estate:

 


For Link2SD to work, your secondary SD card partition must be formatted as "primmary" (instead of "logical"), preferable as Ext4. I strongly recommend the use of "Mini Tool Partition Wizard Home Editionfor the partitioning/formatting task.


Samsung Galaxy S3 Mini - armazenamento insuficiente [resolvido]

por Ricardo Goldbach


Eu já havia escrito sobre esse tema, mas volto a ele -- desta vez de forma mais didática e objetiva -- dadas as volumosas estatísticas de acesso ao post original.

Graças à estratégia de implementação do armazenamento interno do Samsung Galaxy S3 Mini, através da qual um cartão externo é emulado por um circuito presente na placa-mãe, não é possível (a princípio), o armazenamento de novas aplicações na memória física externa, o cartão SD. Assim, após a instalação de uns poucos aplicativos, surge a infame mensagem "insufficient storage available" (ou equivalente).

No entanto, é possível contornar essa restrição por meio da configuração do aplicativo Link2SD. A coisa é tão simples e engenhosa que o desenvolvedor merece aplausos (e que a versão Plus seja comprada). Veja como fazer:


1. Na interface do Link2SD, toque no canto superior da tela (na região em amarelo):



2. No menu de configuração, escolha "Install location":



3. Na próxima tela, opte por "Internal". Essa opção faz com que os novos programas sejam gravados no cartão SD, mas que existam e sejam referenciados através de um link criado no armazenamento interno, para todos os efeitos de acesso e carga pelo Android (é aqui que reside a mágica):



Parece contraintuivo, mas funciona perfeitamente:



Além disso, aplicativos previamente instalados também podem ser manualmente linkados, liberando mais espaço interno ainda:



É importante que o cartão SD tenha uma segunda partição, obrigatoriamente configurada como primária e preferencialmente formatada como Ext4. É mais fácil e mais seguro usar para isso o "MiniTool Partition Wizard Home Edition", no ambiente Windows, do que se valer das ferramentas de recovery do telefone, usualmente TWRP ou CWM.


[Off topic]

Por falar em TWRP, ajudei o indiano Rutvik Rajagopal a depurar a primeira versão de TWRP disponível para o S5 Mini, versão G800H/DS, codinome "kmini3g" (xda-developers: thread da depuração aqui, thread permanente do G800H/DS aqui). Para quem tem esse aparelho, trata-se da única alternativa, até anteontem inexistente, ao recovery padrão da Samsung. Futuras implementações de Rutvik para o TWRP estarão disponíveis aqui (escolha sempre a que tiver a data mais recente). Segundo o desenvolvedor, haverá versões para flash por Odin e por recovery.


domingo, 26 de outubro de 2014

Sobre urnas eletrônicas, Papai Noel e Coelhinho da Páscoa

Ricardo Goldbach

Você acredita no resultado das urnas eletrônicas? Mesmo antes da divulgação dos resultados (não se trata de "choro de perdedor"), desde já não acredito no que vai sair delas. Já aconteceu no Rio de Janeiro (fonte primária: auditor do Banco Central emprestado ao TRE-RJ em 2008), pode acontecer no Brasil. Desde sempre. Para sempre.



Computer Voting Is Open to Easy Fraud, Experts Say




Diebold voting machines can be hacked by remote control
Exclusive: A laboratory shows how an e-voting machine used by a third of all voters can be easily manipulated




Electronic Voting Machines Still Widely Used Despite Security Concerns




How To Steal an Election With a Diebold Machine




Security Analysis of the Diebold AccuVote-TS Voting Machine
Ariel J. Feldman*, J. Alex Halderman*, and Edward W. Felten*,†
* Center for Information Technology Policy and Dept. of Computer Science, Princeton University
† Woodrow Wilson School of Public and International Affairs, Princeton University




FOX: Diebold Electronic Vote Fraud Confirmed




Diebold Voter Fraud Rumors in New Hampshire Primaries




Diebold Indicted: Its spectre still haunts Ohio elections




Diebold Pays $2.6 Million In CA Voting Machine Fraud



A urna eletrônica é realmente segura?

["O estudo mais polêmico sobre o tema, entretanto, foi o Relatório UNB (realizado por uma equipe de professores da instituição ao TSE). O relatório atesta a possibilidade de quebra do sigilo e uma possível adulteração dos votos. Em apenas um teste, conseguiu quebrar não apenas a suposta existência de um sigilo dentro das eleições no Brasil, como demonstrar que a transparência e auditabilidade se encontram prejudicadas com esse sistema. O TSE, como de praxe, minimizou os efeitos e afirmou que uma simples melhora do algoritmo poderia acabar com estes problemas. Resta saber como confiar em um aparelho cujo próprio tripé (sigilo, transparência e auditabilidade) não são respeitados ou, na melhor das hipóteses, são no mínimo de duvidosa apuração."]




Urna eletrônica pode ser fraudada? Especialistas explicam

["Uma das recomendações dos membros do Fórum do Voto Eletrônico é a introdução do voto impresso complementar para que o eleitor possa conferir se seu voto foi registrado corretamente na urna para permitir a auditoria independente da apuração do TSE. A iniciativa ocorre na Argentina, Israel, Estados Unidos, Equador, Bélgica, Canadá e Peru, de acordo com os especialistas."]




Fraude na urna eletrônica usada no Brasil: Resposta a perguntas e argumentos frequentes

["A insegurança incurável das urnas totalmente digitais não é uma conclusão minha, nem do CMInd, nem de todos os especialistas em computação que assinaram o "Manifesto dos Professores" de 2003, nem dos parlamentares brasileiros que aprovaram o voto impresso a partir de 2014. É a conclusão de praticamente todos os estudos independentes feitos sobre a segurança desse tipo de urna, no mundo inteiro, por comitês e órgãos de competência indiscutível (como o NIST americano, correspondente ao INPM brasileiro). Muitos desses estudos podem ser encontrados na internet a partir do sitio do Voto Seguro. Essas conclusões não são meras "afirmações de autoridade" (como são as afirmações do TSE), mas sim resultado de análises técnicas e demonstrações exaustivamente detalhadas nos respectivos relatórios, que qualquer um pode baixar e ler. Por conta desses estudos, nos últimos cinco anos, o mundo inteiro já se convenceu de que, com urnas totalmente digitais, o risco de fraude em massa é real e inaceitável. Vários países que haviam adotado esse tipo de urna já trocaram ou estão trocando por sistemas auditáveis --- com comprovante material de voto, ou mesmo para o velho sistema em papel."]

http://www.ic.unicamp.br/~stolfi/urna/FAQ.html


Band denuncia fraude nas urnas eletrônicas

[candidato a vereador não teve sequer o próprio voto computado]





Eleições chegando, já vou prevendo o de sempre

Outra de arquivo:

Ricardo Goldbach (mar/2012, com informações do "Los Angeles Times", edição de 13/09/2008) 

Eleições chegando, já vou prevendo o de sempre: vai ter mentira, difamação e golpe baixo. A parte um pouco menos horrorosa é que nada disso é nosso privilégio, já que Barack Obama é orientador de pós-doutorado naqueles temas.

Vai que na campanha de 2008 Obama disse, com todas as letras, sobre o oponente John McCain:

- Ele admite que não sabe usar um computador, sequer enviar um e-mail.

Obama podia ter ido mais longe ainda, garantindo que McCain não consegue pentear o próprio cabelo ou amarrar os cadarços dos sapatos. E é tudo verdade.

O que Obama podia ter descoberto - e que mais provavelmente fingiu não saber - é que, quando servia como piloto de combate no Vietnam, McCain teve que ejetar-se de sua aeronave sobre Hanoi, caindo prisioneiro dos vietcongues.

Na queda, sofreu fratura dos dois braços e de uma perna, dentre outros ferimentos. Mantido como prisioneiro de guerra por mais de cinco anos, aos traumas da queda somaram-se lesões permanentes resultantes de tortura.

Faz tempo que McCain precisa da ajuda da esposa para tarefas corriqueiras. Nenhuma delas é essencial ao exercício das funções da presidência, mas qualquer coisa serve aos que elaboram estratégias de campanha.

Em Tropa de Elite 2, "o inimigo agora é outro". No Brasil real, ele continua o de sempre, fácil de ser identificado: é aquele que pedirá nossos votos em outubro.


[Editado em 26/10/2014]


Entra eleição, sai eleição e os coleguinhas (ao menos da Globo e da Band) mostram que não têm ideia do que fazer com um microfone na mão: referem-se aos colégios (escolas) onde há urnas instaladas como sendo "colégios eleitorais". Ainda bem que o TRE não instala urnas em açougues e farmácias.

E o tal de "justificar o voto", em vez de "justificar a ausência [à seção eleitoral]" é de matar. Onde esse povo anda comprando diploma?




2014 repete 2010

SOBRE SOBRAS DO FLA-FLU

Entre um passado e outro,
de repente, o presente.
Entre dado e versão,
só sobra o espanto.
Soçobra o canto,
entre montanha e sertão,
do mar que é de gente.

Entre faca e punhal,
sobra o vermelho sangue;
entre azul e vermelho,
sobra o negro luto;
entre preto e branco,
sobra invisível cinza.

Entre noite e chuva,
sobra rastro
de cometa,
tão longe
que a vista não alcança.

Entre Lei e Lampião,
sobra lente
que silente mira,
mal respira ou balança -
bandidos à espreita,
nos tantos lados da direita.

Urnas (funerárias),
cinzas cinzas.
Podia ser um país,
mas foi tornado campinho
de várzea
de párias;
virou sobra,
cães rosnam,
disputam sobras,
sobrou só uma pausa

suspensa no tempo,
no tempo da esperança.

Ricardo Goldbach (out/2010)

Três homens foram enforcados

Ricardo Goldbach (fev/2010)

E vai que três homens foram enforcados em Londres, no ano de 1911, pelo suposto assassinato do juiz inglês Edmund Berry Godfrey. A execução se deu numa colina, que passou a ser chamada de Greenberry Hill. Os sobrenomes dos condenados eram Green, Berry e Hill.

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... Brasília: bras... ilha... plana... altiplano, planalto, altos planos... ajuda... Arruda... círio Pará... para, Ciro!... chuva, temporal, nevasca, Neves... cachorros, cães, sarna, Sarney, dálmatas, Dilma, dilmatas... muitas delas, uma pá de putas, prostiputas lolitas dos deputados no Carlton Heartbreak Hotel, tolas lolas, lulices... céu negro, temerário, Temer... Não, nada dá liga com nada no Brasil -- volto para Greenberry Hill.

sábado, 9 de agosto de 2014

“Guernica” is a punctum by itself

Ricardo Goldbach













The aspect that visually strikes me in "Guernica" – let aside the horror of the message conveyed, or what Roland Barthes called the "studium" – is about the "punctum". "Punctum", as Barthes coined it, is that part of the image, the specific portion of it that emerges and stings the eyes and the feelings of the beholder. It's easier to understand the concept having in mind that "punctum" is the Greek work for "trauma". By the way, this is the root for the English words "point", "puncture" and "poignant".

An image's punctum is the point the eyes are guided to, to where the core message resides. And what comes immediately to my mind is that the whole painting is a punctum by itself.

When two humans meet, the eyes are the first connection point, and this also happens when an animal is close to a human, e.g, our pets, the mouth being a secondary source of expression.

When I stare at "Guernica" my eyes traverse the message conveyor, the profusion of eyes and mouths expressing the terror pounding both humans and animals, a lot of poignant puncti. At a second glance, the image makes me look for something different, as a non-punctum, and then come the two fragile lamps (hope) and, at both extremities of the scene, the two windows – escape routes far from the center of the annihilation stage, no way out.

[as posted at one of the discussion forums of the MOOC "The Camera Never Lies", led by Dr Emmett Sullivan, Royal Holloway and Bedford New College, University of London]

sábado, 26 de julho de 2014

Oswaldo Aranha faz falta

por Ricardo Goldbach

Foto: Reuters
Não demorou nada para a diplomacia brasileira baixar mais ainda o que já não estava no alto: o nível dos comunicados oficiais de estados-nações (é bom lembrar que não se trata – ou se trata?   de briga entre torcidas).

A coisa começa com a disparidade do número de mortos nos dois lados do atual conflito no Oriente Médio. O governo Dilma Rousseff, que inicialmente (17/7) condena os ataques bilaterais, apelando para o bom senso dos litigantes, muda de vento e poucos dias depois (24/7) acusa Israel de "uso de força desproporcional". 

Em 25/7, no dia seguinte, o porta-voz da chancelaria israelense, Avigdor Lieberman, diz, textualmente, que:
"Essa é uma infeliz demonstração de por que o Brasil, um gigante econômico e cultural, se mantém um anão diplomático. O relativismo moral por trás desta medida transforma o Brasil num parceiro diplomático irrelevante, que cria problemas em vez de contribuir para soluções."
No mesmo dia, o Brasil chama seu embaixador em Israel para consulta, velho clichê diplomático para "estou esfriando nossas relações".

Israel se explica sobre a desproporcionalidade, dizendo algo como "há desproporcionalidade em um placar de 7 a 1, mas não estamos falando de futebol". Eu acho que entendi a mensagem: o placar sinistro só estaria empatado caso Israel desativasse suas defesas antimísseis. Desse modo, os milhares de foguetes disparados contra Israel teriam feito milhares de vítimas – 2.000 a 2.000 no placar, e a diplomacia brasileira, que mostra prescindir de diplomatas, voltaria a dormir sobre um muro bem menos incômodo.

No dia seguinte, entretanto, Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, mostrou que dos jornais só leu as manchetes, que diziam "Israel chama Brasil de 'anão diplomático'", fora do contexto (é claro, manchete não tem espaço para contexto), e mostrou-se um calouro em alfinetadas diplomáticas. Subiu (desceu?) o tom na quadréplica ao porta-voz da Chancelaria de Israel, Yigal Palmor: "ele é o sub do sub do sub do sub do sub do sub". No meu entendimento, a bravata burra de Garcia equivale às grosserias berradas contra Dilma na abertura da Copa da Fifa recém-encerrada – coisa vulgar, violenta e vazia. Mas Garcia, isso não é arquibancada de futebol...

Hoje, 25/7, a diplomacia brasileira diz que está reagindo a ação de Israel. Reagindo a quê? Segundo minha memória, quem reagiu foi o comunicado que fez questão de relativizar o "7 a 1" que veio depois do sucinto "anão". E é de se lembrar que o início do recrudescimento das tensões deveu-se ao sequestro e assassinato a sangue frio, por palestinos, de três adolescentes israelenses, Gil-Ad Shaer, Naftali Fraenkel e Eyal Yifrah. Em reação a essas mortes, três radicais israelenses sequestraram e mataram um jovem palestino, Mohammed Abu Khder. Os três criminosos israelenses estão presos, aguardando julgamento. E isso escala facilmente para a reação à reação à reação à reação... e assim voltaremos a Adão e Eva.

Ou podemos voltar apenas à Resolução 181 da Onu, de 29 novembro de 1947, que estabeleceu a Partilha da Palestina. Aquela decisão foi violada em 14 de maio de 1948, enquanto as tropas britânicas ainda se retiravam da região, por uma coligação militar composta por Síria, Egito, Líbano, Jordânia e Iraque  com apoio de Iêmen e Arábia Saudita , que tinha a manifesta intenção de "empurrar Israel para o mar". Se é para condenar violação às resoluções da Onu, pode-se muito bem começar por aí. Daí em diante, é "reação à reação à reação à reação..."

Agora Oswaldo Aranha é lembrado pelo coro midiático que reage à síntese de "anão diplomático" como sendo o responsável-mor pela criação do Estado de Israel ("não há nada de 'anã' na diplomacia brasileira!", grita-se). É fato insofismável, mas é fato do passado. Duvido que Aranha deportasse atletas cubanos em busca de asilo no Brasil, ou que endossasse as inacreditáveis palavras do ex-presidente Lula em 9 de abril de 2013, referindo-se a Mahmoud Ahmadinejad, o ex-mão de ferro do Irã: "se ele [Ahmadinejad] diz que vai  processar urânio para fins pacíficos, não temos por que duvidar". Não, não mesmo. Oswaldo Aranha estava mais para a diplomacia do que para o MMA verbal de Marco Aurélio Garcia. Não adianta tentar trazer Aranha para o palanque dessa triste comédia. Decididamente, o diplomata Oswaldo Aranha faz falta.

PS: quem quiser ver que tipo de desinformação distorce compreensões, basta googlar "Pallywood", o apelido de uma indústria de fraudes jornalísticas que mais prejudicam do que ajudam a causa palestina.

Pallywood é o braço de comunicação de grupos assassinos que só não se matam entre si de vez porque conseguiram inventar uma guerra mais rentável, a jihad contra Israel. Mudando de nomes, mas com as mesmas motivações, usando escudos humanos e bombardeando escolas e lanchonetes, de pai para filho, desde 1948.

PS2: Como amostra de como a desinformação leva gente assim como a correnteza leva gado – mesmo que não haja má-fé , lembro que há alguns anos um professor da PUC-RJ, o renomado físico Jean Pierre von der Weid, chegava à sua casa, no Jardim Botânico, quando foi rendido por dois assaltantes. Os criminosos invadiram a residência, espancaram e imobilizaram o professor, estupraram sua esposa e partiram levando bens saqueados. Alguns anos se passaram e, diante da divulgação do retrato do "pedreiro" na mídia, o casal de vítimas reconheceu de imediato um dos algozes. Ele mesmo, o hoje "herói" Amarildo. Minha fonte é uma diretora aposentada da PUC-RJ, cujo nome reservo-me o direito de omitir. 

Resumindo a história: se a polícia tivesse conseguido prender o estuprador do passado, a sociedade desinformada não teria seu "herói" de hoje. Tudo é claro quando não é escurecido.